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Publicado: Quarta-feira, 28 de maio de 2014

Impermanência

Crédito: Banco de Imagens Impermanência
Talvez o amor não passe...

Tudo passa.

O leite da infância, o choro da escola, os cachinhos dourados, o sono acordado

Tudo passa

O rodamoinho da moleira, a cara de menino, a barba crescendo, a voz engrossando

Tudo passa

O medo do pai, a história do avô, o filho nascendo, o neto crescendo

Tudo passa

O baton da mãe, a comida da avó, a filha esperando, a neta desabrochando

Tudo passa

A cor da saudade, a decepção da amizade, a dor da verdade

Tudo passa

O amor dos olhos, o encanto do encontro, o calor do abraço

Tudo passa

O trem da minha vila vem nos trilhos tortuosos
Leva e traz mensagens e passagens para aqui e acolá
A fumaça apaga, o barulho esconde, o movimento leva

Tudo passa

A velhice, a meninice, a surpresa, a certeza
Os ponteiros, os romeiros, os aventureiros
As promessas, os sonhos, os convites

Sou passante dessa vida
Passo aqui, passo adiante
Dou passos em falso
Abro espaço pra passar
Passo na passarela quebrada
Piso na passagem esquecida
Entro no novo compasso
Repasso o passo e já não é mais o mesmo, porque tudo passa

Nem o que quero, nem o que não quero fica, porque tudo passa

Então só posso levar dessa vida uma coisa. E só posso deixar nessa vida uma coisa:  Amor

Talvez o amor não passe.

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