Itu pede socorro
Mesmo que desejasse, o cidadão ituano não sabe nem tem como refletir para no fundo entender o que acontece em Itu.
Tudo paira e gira por sobre uma única realidade: é-lhe imposta a mais dolorosa das provações porque simplesmente não existe água.
Que a incúria administrativa porventura tivesse deixado ruas esburacadas, não cuidasse do desordenado trânsito urbano, permitisse um péssimo serviço de transportes, a Câmara fosse inoperante e outras desgraças sociais, o sofrimento ainda assim seria suportável, porque humilhada a população já vem sendo há muito tempo.
Sem água, porém, quem e o que pode sobreviver?
Com muita razão uma jornalista, no recente agosto, em artigo dominical noutro veículo dizia:
“ Itu está parecendo terra de ninguém. Ninguém se manifesta, ninguém mostra a cara, ninguém quer aparecer, ninguém quer correr o risco de ser sabatinado. “
Esse questionamento, muito a propósito, fora na época reproduzido então também neste espaço. É lembrado hoje, de novo, até porque de concreto ainda não se sabe mesmo a quem caberia a última palavra na tomada de decisões.
A autoridade primeira nem o Vice nem a Câmara vieram a público para trazer à tona a fundamentação concreta do que acontece ou vai acontecer para poupar efetivamente o sofrimento impingido a quem mora em Itu.
Fica então a conjetura de que tudo emana lá no fundo e no começo de uma fonte desconhecida, de alguém ou de alguns donos absolutos e, assim, logicamente responsáveis e, mais que isso a esta altura, culpados.
Mesmo agora, diante da cessão de dois milhões de reais do Estado para Itu não se acredita em solução sensata. Paliativo de fundo e cunho político apenas.
Seria Itu talvez um Sultanato?
O Sultanato vem a ser um regime de governo de força, com poderes absolutos, reunidos numa única pessoa, o Sultão.
Porém, sequer essa hipótese poderia ser levantada porque, no fundo, lá onde tal sistema vige,
a pessoa do Sultão é pública e conhecida de todos.
Na periferia já abundam os cartazes afixados na fachada das residências, a conclamar:
Itu pede socorro.
Puro desespero.