Publicado: Quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Itu: um ensaio sobre engrenagens e umbigos
O Turismo é composto por camadas em uma estrutura que envolve inúmeros setores, essa interação forma um sistema que os estudiosos adoram explorar. Cada um desses setores depende da movimentação correta e sincronizada da outra para que possa fazer com que, sua própria engrenagem, também se movimente harmonicamente. Como uma máquina, uma linha de produção.
Pois bem, ilustrada essa idéia de sistemas, engrenagens, e estudiosos, vamos ao que realmente importa para chegarmos aos umbigos: a cada quatro anos, o Governo Federal através do Ministério do Turismo, divulga um documento chamado de Plano Nacional do Turismo (PNT), cuja sua última edição fora lançada no ano passado com o seguinte lema: Uma Viagem de Inclusão. Neste extenso documento, muito útil para saber quais as metas nacionais para o turismo brasileiro, existe um capítulo inteiro falando sobre os objetivos que por todos devem ser alcançados, e números, muitos números. As bases estatísticas projetam, segundo o PNT, um investimento na casa dos bilhões de reais (na verdade, 1,39 bilhões, para 2008), e a capacitação de cerca de 56 mil novos profissionais em todo o país. São projeções interessantes da quarta economia nacional, geradora de 4 milhões de empregos.
Porém, além de ser otimista em suas projeções, o manual do relaxa e goza da ministra Marta Suplicy, também é responsável por divulgar qual será a postura de órgãos importantes, como o Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), do Conselho Nacional de Turismo (CONTUR), e das Secretarias Estaduais. Indica os caminhos, e dá as dicas de como os gestores do turismo, empresários, e profissionais devem agir durante o período de acordo com o que o governo está pensando. Agir em harmonia com as metas federais é inteligente e faz a engrenagem se encaixar melhor. Veja, um dos pontos mais abordados no documento é a regionalização do turismo, assunto que começou a ser abordado no PNT passado, aquele de 2003 a 2007. Resultado do plano foi a divisão estratégica de macroregiões para que fosse possível a implantação de um modelo de gestão descentralizada do setor. Bem, cada região ficou responsável por se organizar, em outras palavras “toma que o filho é teu!”. Um exemplo mais próximo: Roteiro dos Bandeirantes, Circuito das Frutas, Circuito das Águas; todos esses convênios foram criados durante o “PNT: Objetivos, Metas, e Programas”, do ministro Walfrido. Agora a parte mais interessante: para todas as metas estabelecidas pela cartilha, existem verbas disponíveis para sua viabilização, e não é pouco.
Todo esse dinheiro está disponível a quem sincronizar suas engrenagens primeiro e tiver o maior espírito empreendedor. Em todo o país o governo contabiliza 200 regiões turísticas que integram 3819 municípios, um universo imenso de um sistema monstruoso, de engrenagens velozes e ágeis. Dentro da esfera municipal, para não se atravancar como máquina sem óleo, a Secretaria de Turismo e o Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), além dos fóruns de profissionais, e entidades criadas pelo empresariado, devem mover ações conjuntas para interagir com essa estrutura. Porém, é hábito das cidades mais “ávidas” pelo desenvolvimento, agirem como se o universo fosse tão pequeno quanto os seus interesses. Desculpem: os interesses de seus próprios umbigos. Existe uma engrenagem muito maior, um horizonte muito distante, uma organização que depende da lubrificação consciente de seus gestores para que possa funcionar e movimentar-se em harmonia.
Portanto, o Ministério do Turismo estabelece as metas a serem alcançadas ao longo de quatro anos fundamentado em seus estudiosos e nos números que fazem sua engrenagem girar; em contrapartida, espera que Estado, e Municípios façam o mesmo através de seus próprios números e estudiosos: planejamento descentralizado, gestão participativa, inclusão social através do turismo...máquina que necessita de tração para se movimentar corretamente. Somos um cisco perto da imensidão, nossos problemas não devem ser tão difíceis assim. Se Itu continuar a ser uma peça fora do sistema sem o trabalho conjunto, nosso universo nunca se expandirá além de nossos umbigos.
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