Japão, tópico segundo
Fizemos inserir no jornal “A Federação”, edição de sexta, 16, um primeiro artigo em que dávamos as primeiras impressões de nossa chegada ao Japão.
Por lapso, não foi reproduzido também aqui.
Este, que segue agora, portanto, seria uma sequência àquela matéria, que recebeu o
o título de: “Do outro lado do mundo, primeiras impressões”.
Faz-se a explicação porque durante algum tempo – é nossa intenção pelo menos – as crônicas deverão refletir a nossa estupefação com este local de primeiríssimo mundo, sem falar das peculiaridades de um povo várias vezes secular.
Vamos então à crônica, “Japão, tópico segundo”:
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Hoje, dia 20, completam-se as duas semanas de estada no Japão, pois aqui chegamos no dia 7. As impressões iniciais foram o assunto da crônica anterior.
Uma das vistas, de outras tantas de autêntico deslumbre, marcou muito conhecer o Land Mark Tower, com seus 69 andares, vencidos em apenas 40 segundos. Essa proeza deve-se ao veloz elevador, por doação da Mitusubishi à cidade de Yokohama. Do pico, se avista a enorme roda gigante multicolorida, bem como todo o imenso parque fronteiriço, seguido do porto com luxuosos navios de passageiros. As cargas propriamente têm outro local.
Aqui também, tanto dos locais como por parte dos visitantes, ocorre o azáfama das compras. Tinha razão o amigo Joitiro, ao informar que seríamos favorecidos pelas liquidações de verão nos magazines e nas lojas comuns. No final de agosto, preços que seduzem, aliados à excelente qualidade das mercadorias.
Esse frenesi é vivido especialmente na região de Shybuia. Acontece ali, na praça do Cachorro (uma história que fica para outro dia), o maior aglomerado humano. Nos cruzamentos, como jamais se avança o sinal mesmo sem a aproximação de qualquer veículo, de cada lado, nas calçadas, junta-se a disciplinada massa humana. Liberada a passagem, o pessoal se cruza velozmente, quase a correr. A cena se assemelha àqueles filmes épicos, de quando lutadores avançam uns contra os outros.
Os trens e metrôs, múltiplos e difusos impressionantemente, andam em geral lotados. Nas horas de pico, tudo fica igual ao Brasil. Os passageiros se dividem em três grupos específicos: os que não se desgrudam dos celulares, ipads e iphones, estes a maioria; em segundo lugar, aqueles que leem livros e ocasionalmente jornais; uma minoria, os terceiros, que dormem a sono solto.
O povo nipônico, salvo poucos privilegiados, vive de certo modo comprimido, à falta de espaço em termos de moradia. Dir-se-ia que casas e apartamentos, mesmo assim bem diminutos, refletem esse aperto geral.
Justamente por causa disso, predomina, de outro lado, uma avançada tecnologia, em que todos os compartimentos domésticos têm as suas ações controladas por botões, de modo admiravelmente prático e rápido.
Chama muito a atenção, a qualidade de quaisquer produtos. Perfumaria e mais artigos de uso pessoal, seguidos dos produtos para higiene e limpeza doméstica, realmente surpreendem.
Do mapa de Yokohama, consta apenas uma Igreja Católica. Na mesma área em que pululam museus e universidades. Fizemos questão de ir conhecê-la. Só não sabíamos das íngremes ruas de acesso nem de uma viela somente de escadarias, que nos obrigaram a breve descanso no trajeto, para retomar o fôlego. Está situada no ponto mais elevado de uma colina. Talvez houvesse caminhos mais amenos. É que seguimos, passo a passo, através de informações colhidas com enorme dificuldade, porque eles, os japoneses e, também nós, sentimos grande dificuldade para nos fazermos entender. Fica até engraçado, pois eles e nós, não raro, acabamos por rir de nós mesmos. Os moradores são circunspectos e fechados, mas solicitados, abrem-se em gentilezas.
Tudo quanto programamos aí no Brasil, em termos de aproveitamento desta viagem para anotar curiosidades e redigir muito e muito, ruiu por terra. Não tem sobrado tempo para nada. Sai-se cedo e se retorna à noite, sob a carga de um pesado e natural cansaço.
Vamos prosseguir nos comentários nas semanas vindouras, por tudo que conseguirmos ver de novo e de diferente, mas a redação não ganhará nenhum preciosismo e provavelmente, pela velocidade da escrita, conterá senões aqui e ali.
Até a próxima.
Saudade.
Lembrança a todos.