Jesus Ridículo? (Porta dos Fundos)
Perguntaram minha opinião sobre o grupo Porta dos Fundos, principalmente quando seus protagonistas satirizam temas ligados à religiosidade. Não podemos misturar alhos com bugalhos. A proposta do talentoso grupo de atores é mesmo a sátira radical em temas cotidianos: política, sexualidade, relações trabalhistas, religião, etc. Além de bons textos e ótimas atuações, seus participantes colocam uma pitada nonsense própria do tal humor inteligente.
Entendo perfeitamente a revolta de algumas pessoas ao verem sua religiosidade sendo ridicularizada, sejam católicos ou protestantes, umbandistas ou kardecistas. Porém, é preciso lembrar que a proposta do Porta dos Fundos é justamente a de causar polêmica. Dependendo da maneira e do grau com que expressamos indignação, o grupo acaba atingindo seu objetivo de ganhar cada vez mais cliques na internet.
Em minha crítica honesta, confesso que não é fácil ver a pessoa de Jesus sendo zombada. Mas então me recordo que o Porta dos Fundos é apenas um teatrinho para distraídos e não um ataque frontal, violento e coordenado dos inimigos de Cristo. É preciso dar às coisas o seu verdadeiro peso. E em termos religiosos, o peso do grupo de atores é nulo. Não vi ninguém deixar de lado a própria religiosidade por causa de alguma dessas esquetes da internet.
Quando valorizamos demais a nossa revolta, acabamos sendo agentes de uma propaganda involuntária. Isso acontece de tempos em tempos, sobretudo no cinema. Os casos de “Jesus Cristo Superstar” (1973), “A Última Tentação de Cristo” (1988) e “O Código Da Vinci” (2006) são emblemáticos. Em seu tempo causaram muita polêmica e blábláblá. Porém, vistos do ponto de vista artístico, não têm nada de mais. São filmes como outros quaisquer, com as licenças poéticas permissíveis a cada autor.
Não se pode ver chifre em cabeça de cavalo. Fico muito mais preocupado quando vejo o chifre do capeta em filmes como o da seqüência “American Pie” (1999) que distorcem completamente os valores cristãos para os nossos jovens. Há na mídia em geral muitas músicas, novelas, filmes e seriados que atacam de modo mais sério e verdadeiro os ensinamentos de Cristo. Muitas vezes consumimos tudo isso sem nos dar conta de tal realidade.
Ser ridicularizado é algo que acompanha a Igreja desde o seu nascimento. Em seu julgamento e morte de cruz, Jesus já era motivo de zombaria para governantes e soldados romanos, mestres-da-lei e fariseus, além de descrentes daquele tempo (vide em Mt 27, 21-31 e Mt 27, 38-44). O escárnio e a zombaria continuam hoje e continuarão amanhã. Sempre haverá os que não entendem o mundo sob a ótica divina.
Os que vivem valores cristãos deveriam se preocupar mais com ataques reais e graves ao Evangelho, como: as leis abortistas, as que visam interferir no conceito de família, as que banalizam a sexualidade ou as que impedem nossas crianças e jovens de uma visão transcendental da experiência humana, criando adultos presos à angústia de um mundo cujo propósito único é consumir e serem consumidos.
O Porta dos Fundos continuará em seu propósito de fazer as pessoas rirem através de esquetes teatrais. E a Igreja continuará sua missão de levar o Evangelho a todas as pessoas. Aos cristãos cabe parar com birras inúteis e dobrar mais os joelhos em oração, uma vez que o próprio Jesus nos pediu para rezarmos pelos nossos inimigos. Não pediremos pelo fim das zombarias, mas para que cada vez mais pessoas possam acreditar nos ensinamentos de Cristo.
Por fim, há o ditado popular que afirma: “Quem ri por último, ri melhor”. Espero que, após cumprirmos nossa missão pessoal nesta terra, todos possamos nos encontrar na eternidade rindo “com” Jesus e não dele.
Amém.
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