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Publicado: Sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Jogos Olímpicos - III

Os gregos acreditavam que “mente sã em corpo são” podia levar o homem a grandes feitos. E em todos os campos, tanto no das conquistas materiais como também nas coisas do espírito. Praticar esportes, já sabiam eles, nada mais era do que seguir os mais primitivos instintos humanos: correr, saltar, transpor obstáculos, lutar pela sobrevivência. Faziam exatamente a mesma coisa os nossos ancestrais das cavernas: corriam atrás de sua caça, tentavam abatê-la com suas pedras e lanças, tinham de saltar sobre rios, árvores tombadas, o que houvesse em seu caminho. Também eles tinham de se empenhar em combates corpo a corpo com animais selvagens ou mesmo com eventuais inimigos humanos. Seguindo esses instintos, os gregos criaram suas provas esportivas. Sabiam que elas lhes apuravam a rapidez, a força e a habilidade, e eram gratos aos deuses por isso. Os Jogos Olímpicos eram, portanto, uma festa tão religiosa quanto esportiva.
 
Nos Jogos Olímpicos da antiguidade grega, as provas eram realizadas no solstício de verão, num período de cinco dias, sendo que, no primeiro dia eram realizados os rituais religiosos em homenagem ao Deus do Fogo, Zeus. Os atletas banhavam as mãos no sangue de um porco imolado e juravam lutar com lealdade e respeito para com os adversários. No segundo dia um arauto (mensageiro do Rei) anunciava o início das provas, e convidava os atletas a delas participarem. Também no segundo dia era feita a organização dos Jogos. No terceiro e quarto eram disputadas as provas. No quinto dia os vencedores das provas eram coroados. Realizava-se nesse dia uma grande festa que culminava com um banquete denominado Hecatombe, onde eram imolados 100 bois em honra aos Deuses.
 
Os juízes das provas eram chamados Helanódeces e suas decisões eram inapeláveis e, nos casos de dúvida, cabia aos sacerdotes ou ao Oráculo de Delfos (divindade que respondia ás consultas) dar as decisões finais. O Estádio Olímpico era construído fora da cidade, entre as montanhas, cujo acesso era difícil e íngreme, sendo por esse motivo proibido às senhoras casadas assistirem aos jogos, porque os gregos acreditavam que o caminho difícil prejudicava as funções maternais.
 
Conta a história que Calipátera, mãe de um atleta, de nome Psidoro, apesar da proibição das senhoras casadas assistirem aos jogos, vestiu-se com trajes masculinos e dirigiu-se ao estádio para assistir à prova de que o filho, treinado por ela própria, participaria. Quando o filho venceu a prova, ela se desfez dos trajes e se dirigiu até o lugar onde ele se encontrava, para cumprimentá-lo. O castigo para os que desobedecessem àquela proibição era a pena de morte, mas Calipátera foi perdoada, pois pertencia a uma tradicional família de campeões.
 
Depois de atingirem um brilhante grau de desenvolvimento, começou a decadência dos Jogos Olímpicos Antigos pelo desvirtuamento de sua finalidade religiosa, pela venalidade dos juízes e pela introdução do profissionalismo entre os atletas.
 
Os Jogos acabaram por se extinguirem durante o Império Romano, período após o qual as chamas olímpicas ficaram por séculos e séculos apagadas, aguardando que alguém viesse reacendê-las com toda a força; o que só foi acontecer no final do século XIX.
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