Publicado: Quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Jogos Olímpicos - IX
Os Jogos de 1968 têm, para mim, um sabor muito especial. Com quinze anos de idade, eu estava lá assistindo às competições ao vivo e em cores. Naquele ano, século passado, eu cursava o primeiro colegial no CENEMEB, em Itatiba, e era aluno, entre outros, da Profª Maria Gemma Rela Reinaldo e do Prof. Oswaldo Ângelo Bertoni. A Secretaria de Estado da Educação, a Associação dos Professores de Educação Física do Estado de São Paulo e a Pan Americam promoveram um concurso, em nível estadual, voltado para os estudantes de ginásio e colégio (terminologia da época), que constava de uma monografia sobre as Olimpíadas. Resolvi participar por incentivo dos dois grandes mestres. O resultado me foi de grande sabor: ganhei na escola, faturei no município e recebi Menção Honrosa em nível estadual. Como prêmio, ganhei a viagem ao México para assistir aos Jogos Olímpicos daquele ano. Todas essas publicações anteriores a esse número de hoje fizeram parte do trabalho que escrevi naquele ano.
O ano de 68 foi um ano de turbulência no mundo todo. Tanto em Paris como no Brasil, assistimos as grandes manifestações políticas de estudantes, além de vários outros episódios políticos, tal como a invasão dos tanques do Pacto de Varsóvia à Tchecoslováquia, que acabaram por aniquilar com o incipiente socialismo com liberdade, conhecido como a Primavera de Praga. Também na cidade do México, dias antes da abertura oficial, estudantes universitários protestaram contra os gastos com os jogos e houve embates com a polícia; o saldo foi mais de 50 mortos.
O mais famoso evento político dos Jogos de 68 foi a manifestação contra o racismo nos EUA, protagonizada pela dupla de atletas americanos Tommie Smith e John Carlos, respectivamente ouro e bronze na prova de 200 metros rasos no atletismo. Os dois subiram ao pódio para receberem às medalhas e, numa cena antológica, levantaram os punhos cerrados e envoltos por luvas negras, uma saudação típica do grupo Panteras Negras. A pedido do COI, os dois foram banidos da equipe. Nos 400 metros, o trio norte-americano Lee Evans, Larry James e Ronald Freeman também repetiu o gesto. Os atletas só não foram banidos porque os EUA precisavam deles no revezamento de 4 x 400 metros. Depois disso, os americanos acabaram desistindo de punir os atletas, pois o gesto passou a se repetir com muita freqüência.
Outro episódio interessante, e esse eu tive a felicidade de assistir, foi a partida final de vôlei entre URSS e Tchecoslováquia. Os soviéticos ganharam o ouro e os tchecos levaram a prata. Na hora da entrega das medalhas, quando era tocado o hino soviético e a bandeira soviética também era hasteada, os atletas tchecos viraram-se todos, de forma combinada, para a direção oposta à da bandeira, em sinal de repúdio à invasão de seu país. Somente bons tempos depois é que vim a entender tal fato.
Também por iniciativa do Prof. Oswaldo Bertoni, naquele ano eu praticava atletismo, salto em altura mais especificamente. Claro que não cheguei perto de quaisquer jogos importantes, muito menos os olímpicos. Mas, naquela olimpíada, assisti ao famoso salto do atleta americano Dick Fosbury, que entrou para história ganhando a medalha de ouro com o revolucionário salto que até hoje é praticado pelos atletas do mundo e que é conhecido como o “salto Fosbury”.
Pelo Brasil, o destaque foi o atleta Nelson Prudêncio, ganhador da medalha de prata no salto triplo com a marca de 17,27 metros. Talvez o maior destaque desses jogos tenha sido o atleta americano Bob Beamon, com a marca de 8,90 metros no salto em distância. Essa marca só foi superada mais de vinte anos depois.
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