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Publicado: Sábado, 6 de fevereiro de 2016

Lá e aqui

Lá e aqui

Fora uma visita rápida a uma cidade nem tão distante, para sanar junto a parentes a falha de que de há muito não nos víamos. No terceiro dia, madrugada ainda, encetei o retorno.

Não obstante a pouca duração ficaram óbvios costumes mais simples e espontâneos da parte dos moradores.

Conta com uma população presumível entre 40 e 60 mil habitantes. Mas não se conseguiu mesmo apurar esses dados com maior exatidão.

 A cidade, num interregno de 20, 25 anos, ainda conserva a marca de bem interiorana. E conserva um ar de conservadorismo e  modéstia, embora mero passar dos anos, sempre  modifica um pouco de tudo. Portanto, de todo modo, se constata ali um relativo progresso. Modernizou-se, com um comércio razoável bem distribuído e organizado. Mas sem azáfama, pois que lá perdura o ar tranquilo de que há tempo para tudo.

Outrora, muito mais conhecida pela atividade rural, concentrada na produção de hortaliças e com uma atividade marcante na modalidade avícola. Tudo, no entanto, deixado para trás. Somente agora, implanta-se aos poucos o seu parque industrial.

De todo modo ela evoluiu – e me lembro bem – quando meus filhos se deliciavam com os amiguinhos que raramente se viam, hoje todos adultos.

Na chegada, havia estacionado o carro frente a porta da casa que me hospedara, um ponto servido de sombra benfazeja, algo por lá facilmente encontradiço.

Aliás, a localidade é dotada de vias públicas acentuadamente largas, quase todas providas de árvores frondosas, com o que se faculta estacionamento farto e gratuito. O trânsito é bem mais leve e com uma frota de veículos menor, a facilitar em muito as locomoções para qualquer direção. Sem ter prestado maior atenção, não me lembro de ter visto por lá algum estacionamento pago, tendência que noutras plagas descaracteriza tanto os centros urbanos.

Uma particularidade há que se destacar.

É uma urbe que aguarda expansão, doravante, de quem se habilite. Isto porque espaço e amplitude é o que sobra com a implantação de bairro novos e imensos. Para acesso, foram abertas avenidas em todas as direções. Diante da prodigalidade de espaços criados na imensa periferia, ainda são poucas as residências. Uma certeza: não existe meio lote!

Essa povoação lenta se opera justamente naqueles territórios já referidos e nos quais outrora se concentrara a produção avícola e de hortaliças.

Mas, e o por que deste relato?

Explica-se.

Relativamente longe de centros maiores, o próprio povo se encontra mais vezes, naquele estilo de a vizinhança se servir e se auxiliar mutuamente. Gente dada e simples, com evidência acentuada dessa característica.

Por isso, essa urbanidade, convívio e aproximação dos moradores de lá, aqui se tornam mais depressa esquecidas. Isto pelo fato de o município se situar com muita proximidade a núcleos urbanos desenvolvidos. Para Itu, Salto e Cabreúva, porque umbilicadas a centros maiores, encontram nas vizinhas Jundiaí, Campinas, Sorocaba e ultimamente até Indaiatuba, fontes de consumo diferenciado e mais vasto.

E aqui, pois, chega-se ao âmago destes apontamentos.

Há que se acrescentar ainda que perambulei pelo centro comercial e entrei, curioso, em alguns estabelecimentos. Na própria expressão fisionômica de atendentes se pode perceber um acolhimento espontâneo e nada formal.

Esta crônica não tem intenção precípua de proclamar que a moradia nas proximidades de centros qualificados seja o fim do mundo. Não. Amizade e bom relacionamento podem existir em qualquer lugar e hora. Claro.

É que lá – seja verdade dizê-lo – sentiu-se, ainda que de passagem, um clima espontaneamente afetuoso, com o que se respeitam e se valorizam uns aos outros.

Singeleza.

Nada de lufa-lufa.

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