Levanta a cabeça
A vexatória derrota do Brasil para a Alemanha por 7 a 1 na semifinal da Copa do Mundo da FIFA nunca será esquecida. E nem deve, pois pode servir como um valioso ensinamento para quem comanda o futebol brasileiro: raça, apenas e tão somente, não vence jogo. É preciso se preparar, se reinventar. É preciso fazer um trabalho sério, que comece desde cedo. É preciso se espelhar no exemplo alemão.
Sede da Copa de 2006, a Alemanha sofreu revés semelhante ao brasileiro – a única exceção foi que não perdeu de tanto. Derrotados pela Itália (que viria a ser campeã do mundo naquele ano) também na semifinal, os alemães levantaram a cabeça e conquistaram um honroso terceiro lugar. A partir daquele momento o futebol no país germânico, de tanta tradição no esporte mais popular do planeta, deu uma guinada.
Com os novos e/ou reformados estádios usados no Mundial, a Bundesliga – o principal campeonato nacional da Alemanha – se tornou um dos mais bem organizados do mundo. Jogadores de ponta (inclusive brasileiros) começaram a optar por jogar lá. A audiência da competição já ultrapassa a de competições mais tradicionais e importantes, e a média de público nas luxuosas arenas nunca foi tão expressiva. Tudo isso graças ao legado deixado pela Copa disputada por lá em 2006.
A partir do Mundial de 2014, o Brasil terá condições estruturais para desenvolver melhor o esporte. Diversas cidades espalhadas pelo país, como Itu, agora contam com modernos centros de treinamento, que auxiliarão nossos profissionais da bola a melhorarem ainda mais a modalidade. Isso sem contar na formação de novos craques, que tende a ser mais fácil de agora em diante. Teremos condições de montar uma base forte para as próximas Copas – talvez não na de 2018, na Rússia, mas na de 2022, no Catar.
Mas também é preciso fazer uma limpa na gestão esportiva. O futebol é um entretenimento e deve ser olhado, do ponto de vista mercadológico, como tal. O Campeonato Brasileiro tem total potencial para se tornar uma das mais atrativas ligas do mundo, mas para isso precisa ter gente que entende do assunto no comando. Não dá pra ter Marins, Del Neros e outros abomináveis cartolas dirigindo um dos maiores patrimônios imateriais do nosso país.
Brasileiro, levante a cabeça. A derrota não é o fim do mundo. Pelo contrário. Pode ser o começo de um novo, em que o Brasil voltará a ser a grande potência futebolística de outrora.