Colunistas

Publicado: Sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Mais do que hora e tempo

É usual que se diga que o ano só começa de fato após o Carnaval.

Afora os exageros – mesmo porque muito já se fez em menos de dois meses, quem o negaria? – que todos se compenetrem de que o país precisa andar.

Itu, em especial, contrariamente a essa impressão de tempo inativo até fevereiro, difere muito. Muita agitação e promoções, a começar dos festejos de aniversário, ainda sob os acordes de seu quarto centenário. Novos ocupantes do Legislativo e do Executivo, dão igualmente a nota de efervescência. Para corroborar toda essa efusão local, ainda na semana ocorre a continuidade de recuperação do Ituano, com suas primeiras vitórias, tudo a culminar com o excelente empate com a Ponte Preta.

De qualquer modo, que ares novos soprem mesmo sobre esta cidade.Não se contente de receber bem vindos turistas, com apoio apenas nos exageros. Haja – e vai acontecer – um real destaque para os valores da cidade, rica na história e na pujança do passado. O cultivo, sobretudo, da tradicional religiosidade desta gente.

Esses presságios, estes sentimentos e votos de venturas, tanto são mais fortes a partir do reconhecimento de que Itu perdeu-se no tempo, à vista do desenvolvimento dos municípios vizinhos.

Coerente dizer-se, ou recordar que, há cerca de trinta anos ou pouco mais pouco menos, que a agência de Itu do Banco do Brasil tinha função de banco regional, eis que Porto Feliz, Indaiatuba, Salto e Cabreúva, compunham sua área de atuação. Este fato, acredita-se, bastaria só ele para demonstrar o quanto se estacionou ou, a melhor dizer, quão lentos foram os passos aqui.

Causa um certo mal estar, em especial, a comparação de Itu em face ao progresso de Indaiatuba.

Todos se esqueceram -  os mais novos sequer souberam talvez -  de que todo o Bairro Brasil, por exemplo, estava preparado e o córrego devidamente retificado, para ali se construírem os estabelecimentos e receber as primeiras residências, ao final do ano de 1955. Entretanto, a partir daí, com tudo preparado, negou-se continuidade às obras. Mais de uma década depois, com esse lamentável freio à continuidade, só então surgiram o Forum, o SENAI, a rodoviária. O novo mercado municipal, também ali previsto, esse então dele nunca mais se cogitou.

Enquanto isso, todos os vizinhos se cuidaram com mais tino e apuro do que o município de Itu. Uma verdade que pode doer, mas inegável.

O próprio e tantas vezes mencionado caso de que Itu ficou décadas sem casa própria, assinala com veemência de que os embates políticos, muita vez, mais emperram do que promovem uma cidade. De algum modo, com a majestade do atual próprio municipal essa lacuna se preencheu.

Não haja sentimentalismo. Urge trazer uma nova feição ao complexo do Mercado Municipal, espaço útil, estratégico e central, de péssima imagem. Conserve-se o prédio para outra atividade, cultural sobretudo, como também se recupere o visual de toda a área, tão extensa e adequada  à concentração  de povo.

Fora engavetada, certa feita, oferta do mesmo engenheiro que geriu a reforma do Mercadão de São Paulo, de promover a recuperação desse logradouro em Itu. Essa sugestão não esteve endereçada à Prefeitura propriamente. O profissional declarava que inclusive tinha conhecimento de como procurar linhas de crédito. Uma boa oportunidade inaproveitada.

Ventos melhores hão de soprar sobre a nova Itu.

Nova que se modernize sem descaso à preciosidade de suas caríssimas tradições.

Mais do que hora e tempo.

Comentários