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Publicado: Quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Mário de Oliveira: um exemplo de dignidade humana

Crédito: Álbum de família Mário de Oliveira: um exemplo de dignidade humana
Que passemos a eles o exemplo de dignidade humana.

Hoje a cidade de Itu perdeu um de seus filhos mais queridos, e dignos, com certeza. Em um momento em que o mundo, consumido pelas tantas e quantas mazelas humanas, se debate na busca de referências, de pessoas que mostrem um caminho, a cidade perde Mário de Oliveira.

O “Seo” Mário, como era conhecido, é uma dessas pessoas que encantam nossa alma, que elevam nosso espírito, que servem de exemplo em nossa caminhada, tornando-se, pela sua postura digna e bondosa, aquele ponto de referência do qual tanto necessitamos.

Penso que no mundo existem três tipos de pessoas: Aquelas que passam por aqui e destroem tudo o que encontram pela frente, vivendo em um mundo negativista de “terra arrasada”; Aquelas que passam e somente usufruem do que encontram, sem acrescentar nada, passando os dias na “flauta”, se apossando de tudo que podem, de tudo que encontram pela frente, e; Aquelas pessoas dignas, que dormem e acordam pensando em como auxiliar na Obra Divina, em como deixar nosso planeta, tão sofrido, um pouco melhor para as gerações seguintes.

O “Seo” Mário é uma dessas pessoas.

Desde tenra idade dormia pouco e trabalhava muito, muito mesmo! Não admitia intriga, fofoca, conversa mole, tempo jogado fora. Deixava tudo isso para aqueles que, cheios de tempo, nada fazem, nada constroem, com nada sonham, a não ser com as artimanhas de como se apoderar do bem alheio, culpando a tudo e a todos por seus fracassos.

Não! O “Seo” Mário nasceu e cresceu como um “filho muito especial”, escolhido por Deus para dar continuidade à sua obra, e o fez com alegria, com bondade, com dedicação, e com muito suor.

Tive a imensa honra de ter sido recebido em sua família, há mais de 40 anos, como um filho, como se dela fizesse parte. Muito do que sou, muito do que aprendi, muito do que construí interiormente, devo ao Senhor Mário de Oliveira, e sou imensamente grato a Deus por tê-lo colocado em meu caminho.

Obrigado “Seo” Mário, por fazer parte de minha existência. Obrigado “Dona” Virgínia, que hoje o recebe, pelos incontáveis “Cafés da Tarde” junto à sua família (devo confessar que muitas vezes este era meu jantar). Obrigado à família pelo imenso carinho e amizade a mim dedicados. Deus os ilumine e guarde, a todos, hoje e sempre.

O “Seo” Mário parte deixando aqui muitos e muitos amigos que o amam, deixando aqui muita saudade, e é recebido por Deus como um de seus filhos mais queridos, com certeza.

Fica aqui o poema de Gonçalves Dias que expressa bem a existência do “Seo” Mário.

Canção do Tamoio

Não chores, meu filho, não chores, que a vida è luta renhida, viver é lutar.
A vida é combate, que aos fracos abate, que aos fortes, aos bravos, só pode exaltar.
Um dia vivemos! O homem que é forte, não teme da morte, só teme fugir.
No arco que entesa, tem certa uma presa, quer seja tapuia, condor ou tapir.
O forte, o cobarde seus feitos inveja de o ver na peleja, garboso e feroz.
E os tímidos velhos, nos graves concelhos, curvadas as frontes, escutam-lhe a voz!
Domina, se vive; Se morre, descansa. Dos seus na lembrança, na voz do porvir.
Não cures da vida! Sê bravo, sê forte! Não fujas da morte, que a morte há de vir!
E, pois, que és meu filho, meus brios reveste, Tamoio nasceste, valente serás.
Sê duro guerreiro, robusto, fragueiro, brasão dos tamoios, na guerra e na paz.
Teu grito de guerra, retumbe aos ouvidos, d'inimigos transidos, por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo, pior que o sibilo, das setas ligeiras, pior que o trovão.
E a mão nessas tabas, querendo calados, os filhos criados na lei do terror.
Teu nome lhes diga, que a gente inimiga, talvez não escute, sem pranto, sem dor!
Porém se a fortuna, traindo teus passos, te arroja nos laços, do inimigo falaz!
Na última hora, teus feitos memora, tranquilo nos gestos, impávido, audaz.
E cai como o tronco, do raio tocado, partido, rojado, por larga extensão.
Assim morre o forte! No passo da morte, triunfa, conquista, o mais alto brasão.
As armas ensaia, penetra na vida, pesada ou querida, viver é lutar.
Se o duro combate, aos fracos abate, aos fortes, aos bravos, só pode exaltar!

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