Maturidade: É Preciso Crescer
Na Idade Média os jovens se davam ou eram dados em casamento entre os 12 e os 16 anos. A vida da maioria das pessoas era precária. Muitos não tinham o básico para viver dignamente. Eram tempos duros, que exigiam um amadurecimento rápido. Afinal, a média de vida beirava os 35 anos.
As melhorias na qualidade de vida mudaram muita coisa a partir do século 19. Com mais saúde e conforto, a expectativa de vida deu um salto tremendo. Hoje os brasileiros vivem em média 77 anos. Ficou mais fácil viver, ao menos bem mais fácil que em gerações anteriores.
A humanidade anda mimada demais. Facilidades e distrações, milhares de opções de vida geraram uma casta confusa e alienada, sem pressa para atingir a maturidade e assumir compromissos realmente sérios, como formar uma família e ter filhos. Hoje temos "adolescentes" de 40 anos que ainda moram sossegadamente com os pais. É a síndrome de Peter Pan tornando-se uma realidade na sociedade atual.
Pessoas imaturas, incapazes de assumir compromissos básicos, geram todo tipo de desordem. A atual sensação de caos é fruto dessa imaturidade toda. Não há pacto social que perdure nesse esquema em que uns não têm compromisso real com os outros.
Confortos e facilidades são ótimos. Mas talvez estejamos exagerando na dose. A sociedade anda doente, depressiva, irracional, intempestiva, incapaz de suportar as dificuldades naturais da existência humana. Estamos fragilizados demais, chorosos demais, mimizentos, medrosos e intolerantes (uma vez que a intolerância é na verdade o medo do que é diferente).
A humanidade precisa de um outro salto de qualidade. Não em coisas exteriores e materiais, mas em valores e suportes internos. O ser humano tem que voltar a ser mais forte no seu intelecto, no seu espírito e nos seus sentimentos. Ser mais maduro e humano de verdade.
Há uma frase conhecida que diz: "cresça e apareça". Nestes tempos modernosos e midiáticos, estamos especializados em aparecer. Daqui para a frente, é imperioso e urgente que possamos crescer de verdade. Afinal, de que adianta termos acesso a tantas conquistas sociais e modernas invenções científicas se não conseguirmos lidar com as mais básicas regras de convivência e de compreensão mútua?
A modernidade nos concede as oportunidades e as ferramentas de que precisamos para continuar evoluindo. Basta deixar de lado as nossas desculpas baratas e arregaçar as mangas nesse sentido. Otimista nato, acredito que conseguiremos. Assim conseguiremos voltar a ter mais orgulho de nós em caráter pessoal e coletivo.
Amém.