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Publicado: Terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Medalhistas de nomeada

Criada pela Comissão organizadora dos festejos comemorativos dos quatrocentos anos de fundação da cidade de Itu, implantou-se, desde 2010, a outorga anual da Medalha Domingos Fernandes, a benfeitores vivos da sociedade local, em quaisquer campos de atividade. 

Cabe à Municipalidade a organização do evento e à Sociedade Amigos da Cidade de Itu a indicação dos nomes aptos a essa honraria.

Neste dois de fevereiro, num processo intenso e de muito apuro, sagraram-se merecedores dessa nobre distinção – e o são reconhecidamente – a insigne mestra, Professora Maria Ângela Pimentel Mangeon Elias e o querido e incansável Monsenhor Durval de Almeida, ela filha da amena Amparo e ele, ituano da gema.

Ponto alto dessa solenidade, na tarde excepcionalmente tórrida, acolhidos contudo os convidados, com primor e bem estar, no auditório climatizado da sede do Sincomercio, criou-se um ambiente festivo sim, mas de feição notoriamente íntima e familiar, prenhe de inesperada espiritualidade.

Voz e violão pela Regina Francato e Alexandre, secundados na primeira voz pelo conhecido e competente João Antonio, foram entoados cânticos de máxima elevação, até por causa da singeleza de música e letra, numa temática religiosa. Essa opção enterneceu tanto o público que acabaram os presentes por associar-se, em alta voz, ao afinado coral. E tal entusiasmo se repetiu nas várias intervenções musicais da tarde.

Os homenageados, uma e outro, conhecidíssimos, tiveram na fala dos diversos oradores, a rememoração de tantas ocorrências e recordações, pelo que o clima de enlevo, saudade e carinho, manteve-se alto em todos os instantes.

Benedita Martin Schanoski e o esposo Getúlio, este ao assumir naquela hora a presidência da SACI, cujo titular, sr.  Alberto Fay, dela se desligara por motivos de assunção a encargos outros, souberam com propriedade e minúcias, exalçar as qualidades dos ilustres aquinhoados com a medalha Domingos Fernandes.

Mesmo para quem conhecesse a Professora Maria Ângela desde há muito, circunstâncias e fatos muitos, tornaram-se ainda mais relevantes na descrição dela própria sobre os longos anos – cidadã ituana – aqui vividos, ou seja, a maior parte de sua vida. Diplomada em múltiplas especialidades e profissões, é de se perceber que predominou em si, de alma e corpo, uma vocação inata pelo magistério.

Sua  elegância e desenvoltura a  impedem de esconder, mesmo que ela o quisesse, sua incrível vitalidade.

Uma senhora. Uma dama, clamou o Prefeito Antonio Carvalho Gomes, em dado momento. Fora ele próprio aluno dela.

Monsenhor Durval, tal como sua ilustre parceira de homenagem, cumpre caminho parecido quanto à vontade decidida de fazer do seu trabalho uma continuidade, pois já emérito no sacerdócio, cuida com desvelo do Santuário Nacional do Coração de Jesus. Mal chegou ali, enceta, a despeito da idade, a tarefa ingente de uma reforma daquela igreja, ao menos naquilo de essencial à sua conservação. Uma espécie de continuidade, por assim dizer, da obra por ele empreendida, na restauração ampla e total da portentosa Igreja Matriz da Candelária.

Certa feita, chegou a ponderar pela extinção da adoração diurna ao Santíssimo Sacramento, mas, ao não obter o consentimento do sr. Bispo,

na época Dom Amaury, diligenciou ciosamente pela sua continuidade. Essa piedosa expressão de tributo a Jesus Eucarístico, teria completado em novembro de 2013, catorze anos de acolhida dos fiéis. Infelizmente desativada após a saída do zeloso Monsenhor.

Se, em relação à Professora Maria Ângela, este cronista, que não foi aluno do Regente, pois cursou humanidades no Carmo e só passou a ter contatos com ela através da condição de ambos, como membros fundadores da ACADIL, já quanto ao Monsenhor Durval, a amizade vem da quase infância e pré juventude. Vizinhos e jogadores de bola de meia na Travessa Monsenhor Monteiro, na quadra entre a Barão do Itaim e a rua dos Andradas. Segunda metade da década de quarenta.

Talvez já tenha sido contada essa particularidade nalguma crônica, das milhares ao longo de mais de cinquenta anos de jornalismo. Em dada ocasião (um retiro espiritual em Santos, de onze dias), esteve o autor ao pé do sacrário, a pedir que lhe fosse mitigada a condição de pessoa por demais emotiva, incapaz de disfarçar as lágrimas até em público. Ao ter, dia seguinte, em plena festa e em meio a mais de uma centena de participantes, uma surpreendente frieza e desorientação, voltara à noite, ao mesmo local, para reclamar de tanta insensibilidade.

E Jesus falou: pois, querido, foi você mesmo que assim pediu.

Na mesma hora cuidou-se de se penitenciar do tremendo engano e ainda maior ingratidão, para ser recobrado todo o ânimo e emoções de outrora.

Esse agradável e comovente clima foi vivido nessa tarde de domingo, sem se fazer necessário esconder os filetes lacrimosos, teimosos a pender, momento a momento.

Um olhar furtivo ao derredor, aliás, evidenciou que mais pessoas viviam igual sentimento. A lágrima da emoção, a bem da verdade, é dádiva de Deus.

Inscreve, enfim, o Sincomercio, na pessoa do dinâmico e solícito presidente, Doutor Carlos Alberto D’Ambrósio, mais uma página gloriosa, vivida intensamente, ao ceder o conforto de suas instalações para mais uma memorável sessão.

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