Publicado: Sábado, 21 de fevereiro de 2009
Meiguice, uma homenagem à mulher
A Dona Sebastiana, como era conhecida minha mãe, era uma mulher encantadora. Com seus 88 anos bem vividos, e vívidos, dedicava-se, ainda, à leitura, ao rádio e à televisão, de forma crítica e apurada. Até o último mês de sua existência dedicou-se à leitura do evangelho para todos que participavam de seu grupo de evangelização para crianças e adultos, criado há 50 anos, em Itu, no Estado de São Paulo. Entendia que a renovação do espírito deveria vir antes da renovação material. Um dia, enquanto ouvia suas histórias escrevi este pequeno poema, que aqui fica em homenagem a todas a mulheres do mundo. Guerreiras incompreendidas, lutadoras, amantes, heroínas, são, e sempre o serão, flores colocadas em nosso caminho para perfumar nossos dias e acalmar nossas aflições mais profundas.
Meiguice
Olhando para ela, e por ela,
Olho com atenção um outro lado
Um outro lado que ela traz atrás do olhar.
Uma vida, uma aventura, uma ternura
E consigo ver, ver e compreender tudo isso
Ver e calar, para poder me aprofundar
Na percepção deste outro lado
Um lado que não é dito, é percebido.
Um lado que conta histórias da vida, de toda uma vida
De uma vida encantadora.
Olhar, ver e calar, para poder perceber
E percebendo, encantar-me com a história humana
Um história permeada de aventuras e desventuras
Uma história construída pelos mais estranhos caminhos
De uma existência finita, que nos torna infinitos
Uma história de conquistas e perdas,
De conquistas e perdas que são ganhos.
Tudo ali, atrás daquele olhar
Um olhar que nos fala à alma,
Nos fala das noites e dos dias
De vigília, de esperança, de tormento e de bonança.
Mãe,
Olhando através de seu olhar, volto no tempo
E não posso deixar de ser criança.
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