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Publicado: Domingo, 28 de janeiro de 2007

Menos Trabalho, Mais Passeios

Aquela poesia de Jorge Luis Borges, tão bonita, “se eu pudesse viver novamente a minha vida”, veio-me à mente ao iniciar esta crônica. Os feriados são tão bons, pois nos libertamos das preocupações habituais e livres, no doce “far niente”, nos encantamos com o viver. O homem, se o pecado original não tivesse acontecido, como criatura do Ser Perfeito, não teria sido condenado à morte, ao trabalho e outras misérias. O mal fadado pecado dos nossos primeiros pais, trouxe-nos essas terríveis conseqüências que teremos de suportar, sendo inviável qualquer reclamação.
 
Houve a redenção, mas as detestáveis seqüelas jamais serão extintas e, o máximo que podemos fazer, é tentar minimiza-las, com as possibilidades e capacidades imaginativas de cada um. A estultícia do homem sendo imensa, em todas as direções, poucos são os que superam tais barreiras, aliás, plenamente encaixado naquele dito evangélico, “muitos os chamados, poucos os escolhidos”.
 
O homem, ao invés de se aproximar mais de Deus, porque para Ele caminhamos (o Reino de Deus está próximo), procede como o avestruz e enfia a cabeça na terra; só procura os bens terrenos: mais e mais riqueza com o conforto dela decorrente. As riquezas representam trabalho e preocupações. Talvez alguns poucos usufruam do conforto e a grande maioria, como escravos, gemendo e chorando, sofrem neste vale de lágrimas.
 
Se, ao contrário nos aproximássemos de Deus, seguíssemos seus mandamentos na íntegra, a ponto de todos e cada um sermos os melhores, os vencedores, premiados pela perfectibilidade (sede perfeitos como o Pai Celestial é perfeito), certamente a felicidade estaria batendo à nossa porta, teríamos menos trabalho e mais passeios, pelos encantados caminhos da vida espiritual. Tudo mais vos será dado por acréscimo na caminhada pela perfectibilidade. Adeus trabalhos desgastantes e não recompensados! Adeus correrias para premiação nenhuma! Adeus banalidades, futilidades e inconsistentes vaidades!
 
E volto a J.L. Borges para terminar a crônica: “se eu voltasse a viver viajaria mais leve... contemplaria mais entardeceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente". Borges poeticamente descobriu as profundezas da espiritualidade: a sublimidade da alma das crianças , tanto é que Jesus disse deixai vir a mim as criancinhas, aconselhando-nos a nos assemelharmos a elas para entrarmos no reino dos céus.
 
Borges, também, sugeriu mais passeios e bons momentos, recriminando subjetivamente o trabalho, apesar de nobre e recuperador, indesejável no senso humano mais profundo que aspira a felicidade plena, sem limites, só existente e alcançável na eternidade por todos que forem justos, ou seja, aqueles que na terra viveram procurando cumprir os preceitos evangélicos.
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