Publicado: Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Mentalidade pagã!
O Natal já fica para trás. Papai Noel, com sua missão cumprida, recolhe-se ao merecido descanso; certamente voltará mais “forte” no próximo episódio. Quanto a Jesus, não descansa em sua missão interminável, já que a conversão não é um “produto” comercial e, apesar da oferta abundante, sua demanda não é animadora. No entanto, Ele não desiste, apesar da falta de “vitrines” atraentes e de uma mídia operante.
A propósito, um artigo que circulou no fim do ano, chamou muito a atenção. Escrito por um médico, o Dr. Dioclécio Campos Júnior, professor titular da UnB – Universidade de Brasília e presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (www.cevacina.com.br/site/news_conteudo.php?cod=230). Homem da Ciência a qual, ao longo dos anos vem mantendo uma luta acirrada com a Igreja, por conta de seus interesses, nem sempre dentro da ética e da moral cristãs.
Comenta ele em seu artigo o sentido do Natal e o rumo que tomou ou está tomando, especialmente para os fiéis cristãos. Analisa ainda Jesus Cristo e Papai Noel, enquanto personagens dessa importante data.
Realmente o assunto é delicado e preocupante. Uma “briga feia” foi desencadeada entre esses personagens com sério comprometimento da vivência ou do espírito do Natal, cuja comemoração, segundo o autor “já perdeu conteúdo, esvaziou-se”. Somos obrigados a concordar, mas por que isto aconteceu? Esperteza de uns, acomodação de outros? Ação do tempo? Vida moderna? Volta ao paganismo? Materialismo? Abandono da fé? Perda de valores? Ou um pouco de tudo?
A Igreja continua firme como guardiã da fé e dos valores humanos e cristãos. Mas por que não consegue manter os seus fiéis na mesma linha? Será que falta empenho, falta comunicação? Difícil, mas não dá para ignorar, o resultado realmente está aí, a olhos vistos e o autor merece crédito quando desabafa: “A mudança na significação do Natal é um dos mais fortes sinais de declínio dos valores éticos na sociedade ocidental. Já quase não se pensa na vida, obra e exemplo do personagem cujo nascimento deveria festejar-se nessa data. O menino Jesus é mera figuração numa realidade materialista onde o único sonho é o acúmulo de bens, a abundância de produtos consumíveis, o fausto, a luxúria, a concentração de riquezas.”
Declínio de Cristo e ascensão do Papai-Noel. Será que estamos, juntamente com o Dr. Dioclécio, exagerando? Bom seria, mas, infelizmente, não é o que parece, inclusive pelos inúmeros artigos de igual teor das autoridades eclesiais.
Preocupa-nos, sem dúvida, o assombroso sucesso do “bom velhinho” como “velho propaganda”, mas isso é facilmente explicado: foi adotado pela indústria do consumo que colocou em campo todo o seu exército e toda a sua força, transformando o Natal num campeão de vendas. Sejamos realistas, o Papai-Noel é apenas um ícone e se há o que combater, não é ele, seguramente.
No entanto, preocupa-nos muito mais o declínio de Jesus Cristo, visto que aqui a explicação já não é tão simples e fácil.
Será porque Cristo é muito exigente? Porque cobra de nós conversão, firmeza de fé, coerência de vida com sua doutrina e seu Evangelho?
“À medida que a sociedade de consumo se expandiu, Noel foi promovido. Tornou-se parceiro da indústria e do comércio. Roubou a cena do presépio. Trouxe o trenó. A vaca e o burro, cujo hálito aquecia o recém-nascido Jesus, viraram renas ligeiras a puxarem a espécie de papa-móvel que transporta o bondoso velhinho. Produziu a neve no país tropical. Plantou a árvore cheia de bolas coloridas. Matou o galo da antiga missa de meia-noite. Substituiu a Noite feliz pelo Jingle bell”, enfatiza o referido autor.
Sem dúvida, uma significativa interferência, mas, como vemos, o que aflora no Natal (e em outras datas puramente comerciais) não é a propriamente a vitória do Papai-Noel ou de seus similares, mas a vitória de uma nova mentalidade pagã, secularizada, recheada de materialismo, hedonismo, consumismo, etc, em detrimento da autêntica mentalidade cristã. Ora, isso está acontecendo o ano todo e o Natal nada mais é do que uma de suas maiores manifestações, logo alguma coisa precisa ser feita já e durante o ano todo; se esperarmos o próximo Natal, sem dúvida, nossa decepção, como cristãos, será ainda maior.
Precisamos aproveitar o alerta soado no Natal para sairmos a campo, com todas as armas e com boa vontade. O inimigo é forte, mas pode ser vencido. Esse quadro precisa ser revertido e nós temos muito a ver com isso.
A mentalidade materialista e consumista avança, corroendo os verdadeiros valores cristãos e humanos e fazendo vítimas, apesar das aparências disfarçadas. É ela que precisa ser denunciada, desmascarada, combatida. O perigo é a sua aceitação pacífica, sua sedimentação como cultura dominante, forte e de difícil remoção. A quem interessa o desmoramento dos bons costumes? O jeito é agir, antes que seja tarde.
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