Colunistas

Publicado: Sábado, 8 de março de 2008

Minha Baioca

Minha Baioca
momento feliz 2007
Um dia desses, me peguei pensando de onde tirei a personalidade forte que tenho. De onde veio tanta determinação e senso de justiça. Tive dentro da família exemplo de mulheres fortes, determinadas, justas, e acima de tudo íntegras, e como a maçã não cai longe da árvore, devo ter lá também um pouco disso tudo.
 
Tenho em minha mãe toda referencia de honestidade e seriedade que uma pessoa pode ter. Ela consegue transmitir toda segurança que determinada situação exige sem ao menos apresentar um simples franzir de testa. Tem a voz calma, mas enérgica, própria de quem vem de uma educação mais rígida, como a que era a de outrora.
 
Costumo dizer que ela não tem senso de humor. Ao contar alguma piada aviso quando acabou para garantir que ela saiba o momento de esboçar algum sorriso. Foi a filha mais velha, e por tal motivo teve em sua criação, uma pitada além da conta de pulso firme por parte dos pais. Talvez venha daí a tal seriedade com que trata de todos os assuntos.
 
É inteligente além da conta. Fala sozinha quando lê o jornal. Às vezes está reclamando, outras pensando em voz alta.
 
Toda vez que aparece um determinado personagem político na televisão ela fecha os olhos e vira o rosto para o outro lado. Diz que passa mal só em olhar e ouvir a voz do mesmo.
 
É criativa e animada para as mais variadas coisas.
 
Acredita que tenha sangue de índio correndo nas veias, mesmo sabendo que o mais próximo que nossa família tenha chegado deles seja pelo pau de chuva que tem aqui em casa, ou ainda na época de faculdade quando passou alguns dias em uma tribo.
 
Coloquei outro dia em seu celular a identificação de mulher maravilha, por que é assim mesmo que a enxergo. Mãe, dona de casa, avó participativa, ativa militante do resgate cultural da cidade, sócia na cafeteria, escritora, pedagoga, são tantas qualificações numa só pessoa que me falha a memória...
 
Embora já tenha participado da vida política da cidade, esse meu relato nada tem a ver com uma possível candidatura. Riscou a política de nossas vidas, tem mais a ver com todo o orgulho que sinto dela, de seus pequenos e grandes atos.
 
É metódica e gostaria que todos e tudo a seu lado andassem na mesma sintonia que a dela. Comigo já desistiu, sabe que só pelo gosto de ser do contra sou completamente diferente dela no quesito organização.
 
Acorda muito cedo e a todo vapor. Consegue fazer milhões de coisas ao mesmo tempo, mesmo tendo apenas dois braços. Antes de levantar da cama já traçou mentalmente todo o seu dia. Acho que nem dormindo sua cabeça para de funcionar e maquinar coisas.
 
Tem sempre reuniões marcadas, encontros, telefonemas pra dar, assuntos pra resolver, gente pra ajudar.
 
Não estou aqui afirmando que ela seja uma mulher perfeita. Por que não o é! Afinal que mãe não tem momentos de chatice completa e falta de senso de humor? Que atire a primeira pedra a mãe que nunca teve um mau dia e descontou em nós, pobres filhos! A minha mãe puxava tanto meus cabelos quando criança, que não sei por que não patenteei o método de alisamento à unha. A essa altura estaria milionária e de vasta cabeleira lisa.
 
Ela não tem muita paciência para longos relatos, e sei exatamente o momento em que ela desliga a atenção e liga o piloto automático. Aprendi com meu pai. É exatamente nesse instante que digo uma quantidade absurda de barbaridades e ela nem se dá conta. Só lá pra frente, depois de muita bobagem dita, ela percebe que, o papagaio siamês tricolor que matou Jerry Lewis não tinha ido pra Moçambique de bicicleta.
 
É minha grande parceira para as grandes empreitadas e para as maiores
roubadas. Compartilhamos nossos dias, assim como nossas frustrações e vitórias.
 
Esse texto serve, para mostrar o enorme orgulho que tenho, por ser fruto dessa majestosa árvore.
Comentários