Minha Cruz? Com Cristo!
A experiência cristã é um mistério em si, incompreensível para os observadores externos. É como estar dentro de uma lagoa: quem está lá na beira pode olhar e dizer o que quiser, mas só entenderá realmente se pular para um mergulho.
Durante esta minha caminhada de fé, não tive apenas boas experiências. Embora a quantidade de alegrias as superem exponencialmente, houve sim passagens tristes e decepcionantes. Tal é a realidade e assim será enquanto caminharmos nesta terra. Felicidade completa e perfeita, só na eternidade com Deus.
Quando me encontram, aqui e ali, com um sorriso no rosto e uma anedota na manga, nem sempre as pessoas se dão conta de que, mesmo em meio às alegrias da vida em Cristo, estou interiormente carregando a minha cruz.
Nada mais natural. Aqueles que desejam ser verdadeiros discípulos devem: renunciar a si mesmos, tomar diariamente a própria cruz e seguir o Mestre. Se Cristo carregou uma cruz eu devo carregar a minha também, e não ficar implorando para que me livre desse encargo. Sem choro e nem vela, carregar diariamente o madeiro em meu calvário pessoal, sentindo o peso da cruz literal e metaforicamente.
Há alguns um amigo viajou para Roma. Na volta, presenteou-me com um crucifixo de metal. Adquiri o hábito de sempre andar com esse presente no bolso, na bagagem, na mochila. Ele me acompanha nas orações diárias do Santo Terço, nos momentos de reflexão, etc. É um simples objeto, mas que me ajuda a refletir sobre o mistério da cruz ao qual todos estamos ligados pela fé em Cristo.
Certo dia, num período de grande dificuldade e angústia interior, o tal crucifixo caiu do meu bolso. Indo ao chão, partiu-se bem na parte de baixo. Ficou mais curto, como se o corpo do Crucificado ficasse mais próximo da terra. Chateado, pedi para que o soldassem. Concertado, eis que no mesmo dia o tal crucifixo escapou novamente do mesmo bolso, caindo e partindo-se outra vez.
Interpretei, à minha maneira, o episódio. Peguei aquele pedacinho do meu crucifixo e o levei até uma imagem do Cristo crucificado. Aos pés da cruz de Jesus, deixei um pedaço da minha própria cruz. Desde então, quando o peso do madeiro me faz sofrer, lembro-me de que não o carrego sozinho. Quando uso minhas forças para um breve erguer de cabeça, meus olhos fitam diretamente o olhar de Jesus que me conforta e diz: "Vinde a mim todos vós que estais cansados, pois meu jugo é leve e o meu fardo é suave!".
Não tenho medo da cruz. Tenho medo é de carregá-la sozinho, sem essa presença divina e consoladora do meu amigo Jesus. Pois amigo de verdade é aquele que nos ajuda a carregar nossas dificuldades, não aquele que foge nos momentos de maior necessidade.
Não abandonarei a minha cruz. Pois, enquanto a carrego, estou mais perto do Mestre. E estando perto de Cristo, mesmo que seja debaixo do peso angustiante do madeiro, serei mais feliz que muita gente.
Amém.