Minha Irmã
Costumo dizer que irmãos que não brigam não são irmãos de verdade. E faço tal afirmação porque tenho uma irmã mais nova. Perdi a conta de quantas vezes brigamos durante a infância. Claro que estou falando dessas briguinhas infantis, por causa de um brinquedo ou um pedaço de doce.
Minha mãe sempre teve sérios problemas durante as gestações. Eu fui o sétimo, o primeiro a vingar (como se dizia na época). A medicina e a tecnologia não eram tão avançadas. Antes de mim, seis irmãos e irmãs faleceram logo após o parto devido a problemas cardio-respiratórios.
Quatro anos depois, nascia a minha irmã. Parto complicado também. Ficou 15 dias na incubadora e minha mãe hospitalizada. Foram duas semanas comendo arroz com ovo, único prato que papai dominava no fogão àquela altura da vida. Graças a Deus tudo terminou bem e passei a conviver com Verônica.
Hiper protegida, ela logo percebeu as vantagens de ser caçula. E desenvolveu um método muito próprio para conseguir suas vontades: gritava. Bastava que eu a contrariasse em algo, soltava um berro estridente. Meus pais chegavam, davam-me um peteleco e tratavam de atender à maninha.
Só que às vezes nossos pais não estavam em casa, aí tudo mudava. Aproveitava para exercer minha vantagem sobre ela, com esperteza e peraltice. Guardo na memória uma cena antológica da nossa infância: ela e eu correndo pela casa, disputando o último pedaço de torta de maçã. Foi quase uma hora de correria!
A infância fica para trás e os irmãos crescem. No meu caso, as briguinhas ficaram no passado. Nos damos bem desde adultos. Ela me deu um sobrinho lindo, arranjou um ótimo marido para construir sua família. Ontem foi seu aniversário: completou 29 anos. Parabéns, Vê!
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- salathiel de souza