Publicado: Segunda-feira, 30 de março de 2009
Muralistas e Lateralistas
Acredito que esteja criando neologismos com essas novas expressões. Muralistas vem de muro – aqueles que apreciam espiar por cima dos muros e com o tempo se acomodam, até sobre os mesmos – e assim vislumbram do alto o que se passa em baixo ou nas proximidades.
Há algum tempo já estou empregando essa palavra, pois, acredito, cai como uma luva sobre aquele que aprecia espetáculos e neles não se envolvem. Quanto mais emocionantes, mais se deleitam, às vezes dizendo alguma palavrinha de advertência, quando os párticipes da teatralização extrapolam perigosamente na encenação.
No momento estou criando outra expressão, lateralista, como sinônimo: aquele que se põe de lado (o que por qualquer motivo não pode subir em muro), deixando os briguentos, os gladiadores, contestadores, transformistas, inovadores et caterva passarem de lado, sem qualquer incômodo, ao menos para si próprio.
Muralistas e lateralistas praticamente constituem o grosso da população, porque acomodados e acostumados com o próprio marasmo, se encontram incapacitados de fazerem qualquer coisa fora dos seus hábitos, absorvendo plenamente a situação reinante da frequente violência, do diuturno convívio com imoralidades, etc.
Pensadores de todos os matizes, teólogos, filósofos, cientistas, políticos, historiadores, literatos, poetas, cineastas e a universalidade dos sapientes procuram uma ou várias justificativas à título de doutrina dogmatizada que possa respeitar e englobar tudo isso.E, imaginem!
Descobriram a palavra máxima, estonteante: democracia! Muralistas e/ou lateralistas, se encontram exultantes, pois todas as opiniões, atitudes, posicionamentos, religiosos, políticos, morais, normais, anormais, etc. devem conviver em respeitosa harmonia e só podem ser refutados subjetivamente.
Objetivamente, não podem ser contestados, pois se acham amparados pelo milagroso vocábulo, democracia, e muitas vezes até por normas constitucionais. Se surgirem conflitos, responsabilidades devem ser apuradas pelo competente processo legal.
Conclusão: os detentores da verdade e da sabedoria (há os que entendem que isso não existe – e democraticamente- temos de aceitar esse ponto de vista), não devem optar, data vênia, pela cômoda muralidade ou lateralidade, sob pena de jamais construírem um mundo novo, constante e ansiosamente proclamado, sob a égide do Cristianismo, implantado há cerca de 2000 anos no mundo ocidental onde vivemos.
Temos de primar pela autenticidade, pela integridade de nosso caráter e lembrarmos com freqüência daquele ensinamento do Mestre cravado naquele texto do Apocalipse (III 16): “mas porque és morno, e nem frio e nem quente, começar-te-ei a vomitar da minha boca”.
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