Museu Republicano – Histórias da história
Há muito tempo eu estava com vontade de escrever um artigo sobre o Museu Republicano (MR). Primeiro, porque tenho um profundo respeito e amor pelo trabalho que é desenvolvido pela equipe que cuida com tanto carinho desse precioso espaço cultural. Segundo, porque o Museu Republicano é um dos importantes cartões de visitas da nossa cidade.
Outro dia, em conversa informal com o Jonas Soares de Souza, historiador e curador do Acervo Museológico do MR, fiquei sabendo que no dia 04 de Setembro ele completou exatamente 30 anos de ligação com o Museu. Então, não poderia ser em outra data. Marquei a entrevista e passei algumas horas em ótima companhia, conhecendo um pouco mais sobre a história desta instituição que pesquisa, desenvolve e comunica passagens da história do Brasil, com um carinho todo especial para com a história de Itu. Este artigo é, portanto, a minha singela homenagem.
Quando o Jonas foi chamado para cuidar do MR, em 1974, ele era pesquisador da Universidade de São Paulo (USP). O objetivo da Universidade, na época, era aproximar as duas instituições, potencializando os talentos e capacidades de cada uma delas. Daí nasceram 3 projetos principais: a restauração do edifício do Museu, a restauração do acervo e o desenvolvimento de atividades culturais casadas com a Universidade (palestras, seminários, cursos, exposições, etc).
Embora o tema central do Museu seja a Primeira República, com mobiliário da Convenção de Itu e inúmeros documentos e fotos sobre a formação do Partido Republicano (PRP) e primeiros anos do regime republicano, a nova fase do museu, que teve início há 30 anos atrás, buscou uma forma de integrar a comunidade de Itu à sua própria história. Foram reunidos e organizados pela equipe do Museu milhares de fotos, cartões postais e documentos de imenso valor. Através de um convênio com o Tribunal de Justiça, o MR adquiriu a guarda dos documentos cartoriais (testamentos, inventários e processos-crime) do séc. XIX e 3 primeiras décadas do séc. XX. Tudo isso possibilitou ao Museu formar uma biblioteca especializada em história da Primeira República, com uma coleção de livros e teses sobre o município de Itu.
Atualmente, além do núcleo inicial, o MR possui milhares de fotos sobre o desenvolvimento urbano de Itu, todos os jornais publicados em Itu no séc. XIX até 1930, milhares de documentos e uma biblioteca de apoio à pesquisa com 6.000 volumes. Este intenso trabalho teve amplo apoio técnico da USP na formação e manutenção do espaço e um fortíssimo envolvimento da própria comunidade ituana, que doou centenas de livros, fotos e documentos.
Conversando com o Jonas, pude sentir seu imenso carinho por todo esse trabalho, que ele fez questão de frisar, só foi possível graças ao empenho e comprometimento de toda a equipe. “O orgulho que eu tenho com esse trabalho é que ele pôde fomentar o estudo e a produção de conhecimento sobre a história de Itu e Patrimônio Cultural do município. Este acervo permitiu gerar centenas de trabalhos de conclusão de curso, mestrados, doutorados, artigos, livros e revistas. Hoje, a ligação do Museu Republicano com a Universidade de São Paulo e com Itu é visceral”, sintetizou.
Está aí mais uma relíquia da nossa cidade. Parabéns, Jonas e equipe, pelo lindo trabalho que transmite com tanto carinho e sabedoria o amor pela história.