Não fale aos outros, fale para o outro
Em qual missa?
Na das sete, uma segunda feira, manhã de 16 de agosto.
Quase que se diria ontem, não é mesmo?
Na homilia, por sinal que oportuna, o dedicado celebrante discorreu sobre as incertezas do jovem rico, dividido entre pretender se aperfeiçoar e permanecer preso a seus muitos bens. A certa altura, e porque um assunto puxa outro, disse do prejuízo enorme que se causa com a mal querença logo transformada em maledicência.
Exatamente aí é que usou, curiosa e acertadamente, a expressão que dá título a esta breve conversa. Recomendou o padre que – “ não fale aos outros, fale para o outro” .
Para o outro, a sós portanto.
Difícil não é mesmo?
Muito mais à mão primeiramente derramar críticas, boataria no mais das vezes, e mesmo que atos verdadeiros, capazes de por em ridículo o semelhante. Há até um certo e maldoso sabor em se falar mal de alguém. Principalmente quando a gente nutre antipatia, quase smepre gratuita, na direção alheia. Alheia e indefesa, pelo simples fato da ausência do ofendido, naquela hora.
Entretanto, ao se falar para “o outro” e não “aos outros”, se assim fosse feito, a maldade não se esparramaria e, num papo a sós e em particular, duas pessoas poderiam até se entender. Não seria nada fácil, mas valeria a pena porque pelo menos um dos dois teria tentado. Vem daí o acerto do aforismo que justifica uma verdade, a de que quando um não quer dois não brigam.
De fato, se uma das partes tem coragem de fazer a tentativa de uma reconciliação por exemplo, resolve-se, na pior das hipóteses, a metade do problema. É o enfraquecimento de uma discórdia. Caminho aberto para a solução final.
Sem dúvida que a oração eucarística, na liturgia, prepara os corações para o ápice da missa, antes e após a consagração, quando se avizinha afinal da hora da comunhão. O Deus dos céus presente na terra e pressuroso de estar também no coração dos homens, indiscriminadamente. Não distingue sexo, cor ou condição social. O Deus de todos. Momento de paz suprema.
Paz.
Está aí a palavrinha: o instante do abraço da paz.
Instante propício muitas vezes até, quem sabe, de reencontro e mesmo reconciliação, com alguem que ocasionalmente se poste por perto.
O próprio evangelho, noutra parte, ensina como agir. Vá você sozinho e tente auxiliar o irmão que pareça ter errado. Sem êxisto, convide outro alguém para ajudar você nessa missão. Se mesmo assim o contato for infrutífero, que somente então a comunidade tente ajudar.
Pois é.
Recém chegado da missa das sete e preparado para compromisso fora da cidade para logo após o almoço, serve-se o cronista desta prosa leve, rápida e pequena, para cumprir o agradável mister de comparecer a este espaço todas as ssemanas.
Até qualquer hora.
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- bernardo campos