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Publicado: Quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal: Festa da Vida e da Paz

A noite santa do Natal nos traz vida e paz em abundância. Na claridade das luzes que brilham na escuridão noturna, sentimos a presença de Deus que nos ilumina seja para as coisas importantes, seja para as realidades mais simples da vida.
 
A cada ano, na Missa do Galo, experimentamos outra vez o realismo da profecia de Isaías: “O povo viu uma grande luz; para os que habitavam as sombras da morte uma luz resplandeceu” ( Is. 9, 1).
 
O livro do Apocalipse ensina que “Ele é a luz que ilumina a Jerusalém celeste.”(At.21,23)
 
Natal é a celebração do intercâmbio entre o céu e a terra, de forma que o que é do alto se une ao que é da terra e esta é elevada às claridades celestes. O Messias vem “reconciliar em si todas as coisas, as da terra e as do céu” (Ef. 1,3-10).
 
O nascimento do Salvador é a festa da alegria para o povo que crê, como reza Isaías na profecia da gratidão: “Multiplicaste a alegria do teu povo, redobraste sua felicidade.  Adiante de Ti vão felizes, como na alegria da colheita, alegres como se repartissem conquistas de guerra.” (Is. 9,2)
 
O Natal é festa de libertação para o povo, pois “a canga que lhe pesava ao pescoço, a vara que lhes batia nos ombros, o chicote dos capatazes, tudo quebraste como naquele dia de Madiã ”(Is.9,3).
 
Natal é festa da vitória sobre o mal, sobre injustiças, desavenças e guerras, uma vez que “Toda bota que marchava com barulho e a farda que se suja de sangue vão para a fogueira, alimento das chamas” (Is. 9,4).
 
O nascimento de Jesus é benefício para todos, fiéis ou os ainda incrédulos, como os anjos cantaram aos Pastores: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa-vontade”.
 
O Natal é festa que traz emoção para os que têm o dom da fé ou a sensibilidade de um coração verdadeiramente humano.
 
Quem não se emociona ao ouvir as narrativas bíblicas do nascimento de um Deus que se fez Homem? Em literaturas diversas, nos encantamos com a narrativa quase jornalística de Lucas, a descrição cheia de símbolos de Mateus e o enunciado quase magistral de João.
 
Quem não se vê naturalmente impulsionado à oração, diante de um presépio, ao contemplar o Deus-Menino reclinado numa manjedoura, sob o olhar terno de Maria e o dorso reclinado de José a olhar o pequenino?
 
Quem não se deixa amolecer a alma ao sentir o silêncio da noite mais bela só quebrado pelas músicas de acordes tão angelicais, indescritíveis, sem estrépitos  como as canções de ninar? Tudo isto é paz! Acolhamos o Príncipe da Paz!
 
Quem não vê, no segredo da encarnação do Verbo, um hino celeste à vida humana a qual até mesmo Deus quis assumir, para dar aos homens vida em plenitude? “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo.10,11).
 
Qual incrédulo, que tendo um bom coração e um espírito desarmado, não passaria a crer, ao ouvir, na liturgia natalina, a proclamação do extremo amor de Deus que, sendo ilimitado na grandeza, se tornou pequeno para entrar nas estreitezas humanas, só por amor?
 
Talvez seja este o sentimento que mais emocionava a minha infância quando ouvia o coro cantar, referindo a Santa Virgem Mãe do Salvador: “Quia quem coeli capere non poterant, tuo gremio contulisti”.  Mais tarde, já seminarista, pude traduzir para a minha curiosidade juvenil, a linda doutrina: “Aquele que os céus não podem conter, o teu seio abrigou.”
 
Maravilhosa verdade: Deus se faz homem para santificar os homens! Para salvá-los de sua indigência animalesca e elevá-lo a situação superior. A criança que nasce e se desenvolve no corpo de uma mulher é obra, por natureza, do Criador, mas pode ser mais: pode tornar-se filho de Deus por adoção, pelo Batismo, cujas águas são regeneradoras.
 
No ano de 2008, fomos chamados a refletir sobre o valor da vida humana. Eis um tema natalino. A Campanha da Fraternidade teve como lema “Escolhe, pois a Vida”, propondo reflexão e resposta contra atuais agressões à dignidade da pessoa humana.
 
Neste Natal, acolhamos o Príncipe da Paz e Senhor da Vida!
 
Feliz e Santo Natal!
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