Nem sempre o amor é soberano
Conheceram-se em Nova Iorque.
Ela, brasileira, de tradicional família paulista, privilegiada com a riqueza e a posição social, ele um árabe muito pobre, que trabalhava como lavador de pratos para sustentar-se.
Mútuas afinidades os aproximaram e indiferentes às questões sociais, econômicas ou raciais, tornaram-se amigos, amizade que não demorou a transformar-se em algo mais profundo.
Um não conhecia o idioma do outro, falavam mal o inglês, mas seus corações pulsavam em uníssono e seus olhos falavam o dialeto universal do amor.
Havia, porém, um grande problema. Os pais dela nunca aceitariam o seu namoro com um pobre árabe, lavador de pratos e por seu lado a família dele não receberia em seu seio uma mulher de outra nacionalidade, outra religião, outros valores.
Conhecendo a intransigência de suas famílias, viram-se diante de uma difícil escolha.
Enquanto o coração reclamava o direito ao amor incondicional, a razão lhes dizia que essa não era a decisão mais sensata a tomar.
Um ano depois ela se casava com um rapaz de tradicional família brasileira, rico expoente da alta sociedade, com a benção dos pais e toda a pompa condizente com sua posição e ele unia-se, numa cerimônia simples realizada na mesquita de sua cidade, a uma camponesa árabe, a quem dedicou o resto de sua vida em conformidade com as tradições de seu povo.