Netos e avós...
Netos e avós... Avós e netos...
Bem fariam e com certeza de êxito que os pais se servissem dos filhos, mormente os pequeninos, para apresentar um pedido ou dar alguma ideia aos seus próprios genitores. A mediação dos netos, desde que se faça cabível, ao se dirigirem aos avós em nome dos seus próprios pais, aumenta muito a possibilidade de êxito nessas eventuais pretensões.
O que não fazem os avós por seus pupilos?
É chavão consagrado e vem do povo a feliz expressão de que os netos são efetivamente a sobremesa da vida. Comparável sim, ela, à mais deliciosa das guloseimas.
Contar histórias.
- Vô, o senhor poderia vir dormir aqui em casa hoje?
Uma voz espertamente melosa e alongada, em tom de quase súplica, que o vovô já pega o pijama e sai correndo.
- Onde você vai, pergunta a avó.
- Ora, para a casa das crianças.
Sequer se pergunta, nessas vezes, se é dia de semana ou o final dela. Avós estão sempre desocupados – desde que seja para eles, netos e netas. Prioridade total.
Os dois meninos, os menores, juntam-se à irmã no quarto dela, colchões no chão para caber os quatro. E tem dia certo, reservado a cada um, para se deitar bem ao lado do avô.
Toca a inventar histórias outras, que fábulas e contos infantis notórios trazem os próprios livros, que por sinal eles devoram como ninguém.
- Vô, conta a história da polenta?
Incrível. História que virou caso longo e recheado, de invencionices instantâneas e até desconexas que, entretanto, consagrou-se como a mais solicitada.
História da polenta.
De tão repetida e sempre igual, eventualmente apareciam lances ou detalhes ligeiramente modificados, ao sabor da hora. Aí, a cobrança era fatal:
- Vô, não foi a baratinha que viajou na tromba do elefante.
- Ah! É. Isso mesmo, era a mosca.
Veja-se o apuro de colocar num mesmo caso um elefante, uma barata e uma mosca ...
Hoje os pequeninos cresceram um pouco mais; 14, 12 e 9 anos.
As tendências se alteraram.
A internet, celulares, tables e outros, lhes preenchem o tempo dito livre.
Olha-se os três e se embevece o avô, silente.
- Como são lindos!