Noção exata
Seja o título “Noção exata”, ora a encimar a crônica, escolhido de modo que englobe também locuções análogas, como, por exemplo, “Nítida impressão” e “Quase certeza”.
Se perscrutadas matérias de toda ordem e feitas sem maior apuro, tais expressões e similares aparecerão nos mais variados textos, crônicas e inclusive em livros relativamente sérios .
Noção exata. Nítida impressão. Quase certeza.
Trata-se de locuções que correm soltas, sobretudo no linguajar corriqueiro, para quando se deseje afirmar categoricamente que isto ou aquilo, definitiva e peremptoriamente, aconteceu ou existe. Ditas elas com a convicção de não admitir dúvida nenhuma.
Na mera conversação então, aí mais que nunca prepondera a intenção e convicção para se definir um assunto como perfeito e acabado.
Sem o mínimo intuito purista, - de divagação até que sim, - é fácil demonstrar a impropriedade dessas quase juras serem ditas, acrescidas de adjetivação inadequada e mesmo contraditória.
O vocábulo Noção, de si mesmo e isoladamente, faz significar não mais que mera ideia, uma notícia ou informação. E só. Ao ser aliado ao adjetivo (exata), cria automaticamente uma força de verdade que não lhe é própria, conquanto componha nesse caso, uma locução.
Para a palavra Impressão, uma vez que também nela se procure o seu significado, deixa muito mais o sentido de opinião vaga, algo sem maior fundamento. Impressão é impressão. Parece ser. O que não lhe caberia, pois, seria amoldá-la ao que seja, qualquer coisa, de que não reste a menor dúvida. Impressão nítida se afiguraria incongruência.
Afigura-se também nessa classificação, das três hipóteses trazidas aqui e no mesmo tom e intuito, o termo Quase. Toda hora e toda vez, por conseguinte, que se falasse ou escrevesse uma Quase certeza, de rigor e muito pelo contrário se estaria a exprimir dúvida total. Quando se usa o termo Certeza, há de ser por causa e razão de plena e total convicção, conhecimento pleno, coisa certa, evidência, precisão.
Ali atrás se adiantou a motivação desta breve abordagem como apoiada em simples divagação. Seja também s de diletantismo e de mera curiosidade, situações que no correr da vida e dos tempos se fixam e pouco delas se denota, quanto à impropriedade.
Nenhum vislumbre , o menor que fosse, de ditar normas. Curiosidades da rica e amada língua portuguesa que, quando escorreita, vai às vezes ao milagre de até emprestar música ou sonoridade imaginária a um estilo fluente e cativante de tantos mestres.
E que lhes seja, aos amáveis seguidores deste espaço, este domingo, apesar do 13, e bem assim a semana toda, de crescente animação e espiritualidade trazidas pela aura do Natal.