Novos cenários
Comenta-se que inclusive os turistas já teriam dado conta da ignomínia que paira sobre a cidade e o pugilo de visitantes, por isso, teria caído. A ser verdade, é doloroso demais.
Se fosse prender-se tão somente a turismo, Itu perdeu mesmo desde quando pôs por terra seu espetacular casario barroco existente na maioria até a década de cinquenta. Consta que certo cidadão – não se sabe se isso seria assim mesmo – relacionou quase setenta prédios históricos entre residências e sobrados sumariamente demolidos.
Fora disso, a pequenez de um senso comum altruístico e coletivo, fez suceder também a construção de casas novas em terrenos estreitos, o que não permite sequer classificar qual a tendência a cidade seguiu.
Uma volta por bairros antigos e adjacentes ao centro, o fenômeno dos meios-lotes é ainda mais acentuado. Cada casa é uma garagem. Não sobra espaço para estacionamento algum de veículos.
Mais recentemente, com a falta de água, verdadeira catástrofe e maior e mais clara situação de calamidade pública real e insofismável, conquanto protelada não obstante a evidência dos recados via judicial, o cenário urbano ganha uma conotação alterada, que, lançada há pouco em sinal de desespero, vem num notório crescendo.
Qualquer visitante que passe por Itu ou aqui permaneça por período curto ou a negócios, vai perceber o grande número de caminhões-pipa por todos os cantos, inclusive nas ruas mais centrais. É uma novidade. Algo diferente, não é mesmo? Um novo cenário urbano.
Da mesma forma, conquanto não se perceba de pronto, porque árvores, plantas e jardins disfarçam um pouco o ambiente, surge a horrorosa figura de enormes caixas de água plantadas na frente das casas. Essa incidência que deforma o tom paisagístico até de condomínios mais requintados, deixa ver mangueiras e motores (de alto custo) a roncar para que todos escutem.
Para piorar e muitíssimo mais inditosamente, estão espalhados (que coragem dessa gente!), painéis de candidatos acintosamente sorridentes, eles mesmos culpados como seus antecessores e sucessores do magno problema ituano, o de cidadãos a tomar banho de canequinha. Aliás, o que não faltam mesmo são candidatos a granel. Qual deles teria levantado o fenômeno ituano de imprevidência para o que de mais importante pode haver: a água?
Fosse legendar tais painéis, caberia sim, entre outras, a inscrição abaixo de suas fisionomias: chorem enquanto nós rimos!
Consta – e paciência tem limite ! – que certos comícios não se efetivaram porque o povo os teriam impedido ou, em algumas ruas, foram os candidatos postos a correr. Será mesmo?
Em suma, o povo está sendo marcado como um imenso palhaço, de tamanho descomunal.
Famosa por seus exageros, porque já que alguns entendem vantajoso esse tipo de aceno, por que não aumentar a palhaçada e atrair atenção de turistas para os novos cenários da cidade, compostos pelos caminhões na frente de hospitais, restaurantes, escolas e que tais, além da imensa variedade de cores e tamanhos das caixas de água.
Novos cenários.