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Publicado: Sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Num Dia dos Pais

Num Dia dos Pais
Pai, quem é você ?
 
Extremamente impelido pelo forte alarde comercial, chega-se mais uma vez ao chamado Dia dos Pais. O comércio se sustenta pelas vendas de todos os dias e incrementa seu movimento ao longo do ano com datas ocasionais.
 
Carnaval, Páscoa, Dia dos Pais e das Mães, São João e Natal, são as principais.
 
Não se deve exagerar, entanto, em desvestir o Dia dos Pais de todo e qualquer carinho mais puro.
 
Ainda sobra um espaço considerável para que os filhos se voltem aos seus genitores e lhes demonstrem amor. No geral, o chefe de família ainda é visto como líder e amigo da grei que gerou.
 
Permitido dizer também que apesar disso a missão de pai se esvaziou na última década ou um pouco mais. Roubou-se-lhe, em muitas situações, a primazia do comando do lar, por ocorrer o fato evidente de que o provimento gerado pela mulher às vezes lhe seja superior.
 
Acrescente-se a independência sempre maior dos filhos. Por mais que se possa orientá-los em casa, não há como acompanhá-los da porta da rua para fora. O fenômeno às vezes gera a curiosa figura de filhos de personalidade dupla. Os pais o conhecem pelo comportamento em família e pouco sabem sobre a imagem que o moço ou a moça projetam na sociedade. Algumas ocorrências, por isso mesmo, surpreendem os pais, a esta altura estupefatos e pasmos, impotentes, sobretudo.
 
É tão verdade que o personagem – o pai – apresente-se numa situação difusa e algo imprecisa, que a crônica já vai pela metade e o texto quase que nem o prioriza. Pelo contrário, esparrama-se instintivamente sobre o enfoque familiar.
 
Sem nenhum saudosismo e com os pés nos fatos e na história recente, é inconteste que o pai doutros tempos era efetivamente o cabeça-de-casal. A própria legislação civil maior, a vigir desde o ano de 2000, espraiou a sua interpretação e alcançou a mulher.
Também não se impunha ele pela força porque a liderança do pai era bem aceita. Vem logo a objeção de que então quase não havia diálogo. Considere-se, nesse caso, que os filhos tinham nele um exemplo firme e razoável de conduta e, sob essa inspiração, sabiam como se conduzir. Mas tudo isso mudou e muito. Ao que se apelida hoje de diálogo não passa de contestação afrontosa dos filhos, que sabem tudo, porque o pai está superado. A liberdade calcada no frágil alicerce de que os tempos hoje são outros – e são mesmo porque na maioria deles são muito piores – tudo se justificaria. A inversão entre a hora de chegada e a de saída para as noites de sábado, evidencia o quanto a escuridão da madrugada alargo o espaço e o tempo para muita coisa que à luz do dia não seria feita. Todas essas mudanças se abateram na forma de um incontrolável tsunami.
 
Conforta enfim perceber ainda a feliz existência de conjuntos familiares harmônicos. Chamam a atenção justamente por não serem maioria tais casos, de famílias bem formadas. Filhos adolescentes, que têm lá suas horas naturais de convívio com outros jovens, muito saudável, mas que nos acontecimentos mais importantes acompanham os pais: festas, almoço aos domingos, viagens, o futebol na TV, caminhadas. Sobretudo, filhos que não se constrangem de estar na companhia do pai. Filhos que sem nenhum pejo observam a sadia tradição de pedir: a bênção, pai.
Há de ser neste dia dele, o abraço bem demorado dos filhos no pai.
 
E tem que partir dos filhos, porque o pai, mesmo quando se apercebe um tanto marginalizado, esquecido quiçá para não exacerbar a referência, ele jamais reclama. Nessas horas, ama os filhos de longe e os traz no coração, um pouco consciente do dito que corre por aí de que os filhos são criados para a vida e para os outros. São. Verdade. O que, contudo, não autoriza o descaso pelo pai.
 
Estejam bem perto da glória os pais que se foram. Orem os filhos por eles e Deus os atenderá, porque o pai da terra representou aqui o Pai dos céus.
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