Colunistas

Publicado: Terça-feira, 17 de novembro de 2015

O Amor constrói santidade

Há alguns dias celebramos a Festa de Todos os Santos. Embora as leituras sejam encorajadoras, fica sempre a ideia de que poucos se santificam. Isso se deve ao fato de que estamos presos aos santos canonizados e levados à glória dos altares. Realmente estes são poucos, mas não são os únicos. A santidade não é uma exceção, mas a regra; não para alguns, mas para todos. Somos todos iguais perante Deus e igualmente chamados a uma vida santa e plena. O próprio Cristo deixa isso muito claro: sejam perfeitos... sejam santos... como o nosso Pai.

É claro que nem todos seguem esse chamado, mas ainda assim, o número de pessoas que vivem a santidade de modo simples e anônimo é grande; é graças a eles que o mundo ainda se sustenta. O Apocalipse lembra-nos isso quando se refere a uma multidão de pessoas que “alvejaram suas roupas [suas vidas]” no sangue do Cordeiro. Uma alusão aos santos de ontem e de hoje, perseverantes no amor a Jesus Cristo.

Ser santo é viver intensamente a nossa vocação ao Amor e buscar uma conversão diária.

"Eu amo!". Cristo repetiu isso inúmeras vezes. Não com palavras, é claro, mas pela prática, pelas atitudes e gestos. Sendo Amor, viveu o amor de modo total. Ensinou-nos que esse é o único caminho e que só o amor constrói a paz, a justiça e a felicidade - "amai-vos uns aos outros como Eu vos amo". E ele amou a todos, sem distinção e até as últimas consequências, ou seja, até a morte.

Não é fácil, mas sem um amor generalizado e verdadeiro o mundo não muda, não melhora.

É um desafio e até uma utopia a prática do amor nesse mundo cada dia mais materializado, seduzido pelo progresso e "satisfeito" com o bem-estar proporcionado pela abundância de bens. Não é fácil contrariar o sistema reinante que premia e estimula o dinheiro, o poder, a fama e despreza o próximo e o próprio Deus.

Não amar a Deus é grave; igualmente grave é não amar o próximo. Se não amamos a Deus também não amamos de verdade o próximo e, se não amamos o próximo, também não amamos a Deus. Em ambos os casos quebra-se o ciclo do amor e compromete-se a felicidade que o homem tanto busca.

Esse cuidado com o amor está exemplificado no diálogo de Cristo com Pedro, a quem pergunta por três vezes: "Tu me amas?", chegando a incomodá-lo com a insistência. Mas era preciso "acordar" Pedro para o amor, o que vale para nós com todas as letras.

O perigo é nos acostumarmos com a sua ausência, tentando aprender a viver numa sociedade sem amor, desnaturada, desumana, injusta e violenta. Basta uma olhada nos jornais ou nos noticiários para que isso seja nítido. Melhor seria “reaprendermos” a lógica do amor.

Mas Deus não desiste do mundo, muito menos dos seus filhos amados. Continua nos esperando e nos chamando à conversão, à santidade, ao amor, à vida plena. Entregou-nos o mundo para cuidarmos dele.

Suas graças são abundantes... Façamos a nossa parte!

Comentários