O Amor não pode esperar. O sexo pode.
Se estivéssemos escrevendo para Dubai, emirado árabe, o título estaria incorreto. Lá o sexo “deve esperar”, considerando suas leis que proíbem relações sexuais fora do casamento, bem como o homossexualismo. O assunto acabou nas páginas dos jornais e na internet, onde se noticia o grande número de detenções e mesmo condenações, notadamente entre turistas.
Embora nossas leis sejam liberais a respeito, vale refletirmos um pouco sobre o tema, principalmente à luz da moral cristã.
Um especialista afirma que o casamento é sustentado por: amor, apoio e sexo. Ao que vemos ele está certo, principalmente se levarmos em conta as verdadeiras dimensões desses três aspectos, bem como o grau de importância que damos a cada um deles.
Comecemos pelo nosso velho conhecido, o amor: aplicado ao relacionamento de um homem e uma mulher, embora tenha muito a ver com sexo, supera-o grandemente. Podemos já adiantar que sexo sem amor não corresponde à verdadeira dimensão da sexualidade humana, e caminha para os domínios do instinto animal.
Na verdade, não só o sexo, mas nada tem sentido sem amor. Amar “é o verbo cristão” por excelência. Amar a Deus e ao próximo. E são muitos os “próximos” de nós, necessitados de nossa atenção, nosso carinho, nossa ajuda, nossa consideração, paciência, compreensão, e do nosso perdão.
Em que grau de “próximo” enquadramos aquele ou aquela que escolhemos para unir nossa vida em comunhão de corpo, de coração e de alma? Certamente está num grau elevado e não é possível que essa pessoa seja qualquer uma, escolhida sem nenhum critério e que o acaso seja o único responsável pela união que vamos querer para sempre. O amor se coloca como uma exigência e é preciso que ele se imponha no relacionamento com toda a sua força; só assim podemos ter esperança de uma bem sucedida união.
Casamento que acontece sem amor não tem raízes suficientes para sobreviver às estiagens da vida. O amor real precisa ser construído!
Apoio - Quem casa quer somar, dividir, apoiar, mas também quer ser apoiado, nas alegrias e nas tristezas, nos momentos fáceis e nos difíceis; quer e precisa contar com alguém que esteja ao seu lado, no mesmo barco, na mesma direção. Quem casa quer segurança. Casamento sério requer apoio incondicional, fruto de um compromisso seriamente assumido. A certeza de tudo isso precisa ser adquirida no namoro paciencioso, dedicado, cuidadoso, honesto e franco... capaz de transformar uma amizade em profundo conhecimento... capaz de transformar um sonho em uma bela realidade e não num triste pesadelo... capaz de levar adiante um projeto que foi bem desenhado, estudado.
E o sexo? Deixado para o fim, não porque não tenha importância, mas porque ele pode esperar, embora seja cada dia mais apressado. Não só pode, como deve esperar, para a saúde da união, para a saúde no namoro... Sua entrada antes do tempo interfere no andamento da carruagem, apressa, queima etapas, mascara sentimentos e propostas... impede o amadurecimento da relação...
Deus nos concebeu sexuados; é indiscutível sua grande importância. O próprio sacramento do matrimônio está fundamentado, entre outras exigências, na cooperação sexual dos parceiros; aliás o matrimônio só se consuma com o ato sexual. Entretanto, fica muito claro na doutrina cristã que essa entrega total se espera entre os já unidos pelo matrimônio. Isto não decorre de um “capricho” da Igreja ou de Cristo, mas da própria magnitude da sexualidade humana, infelizmente banalizada nos dias atuais. Não pode ser vivida sem mais nem menos, por instinto, por puro prazer, com o uso do outro, de modo imaturo e inconsequente.
Devemos ter em mente que o sexo é parte de um todo e que só terá todo o seu encanto e valor se houver, acima de tudo, respeito mútuo e plena consciência de suas implicações. A sexualidade necessita de um antes, um durante e um depois, só possível numa união estável, comprometida e duradoura.
Não há motivo de pressa: se o que queremos é um casamento feliz, o sexo virá a seu tempo...
Não estamos em Dubai, mas a moral cristã, igualmente, condena o sexo fora do casamento. É claro que aqui não há prisões, mas tem força de lei para os verdadeiros cristãos, seguidores de Cristo e do seu Evangelho.
Sem ser retrógrada, ultrapassada, a Igreja propõe um amor que constrói, que dura, que é fiel. Não tem um discurso moralizante e de proibições; tem fundamentos sólidos para propor uma revisão nos costumes adotados pela nossa sociedade, notadamente naqueles que atentam contra a dignidade da pessoa.
O assunto não se esgota com facilidade, nem é o sexo o único fator a explicar o elevado grau de separações, de insatisfação, de volubilidade que estamos presenciando. Os nossos jovens precisam ser alertados para os riscos que a direção da vida envolve. A primeira lição poderia ser “por o pé no freio”.