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Publicado: Sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

O Ano começa de novo...

Tempo de avaliar e de sonhar... Que tudo se realize...

Imagine a curiosidade do Ano Velho: - Ano Novo, o que você tem que eu não tive? Ou ainda: - Será que você vai ser melhor que eu? Diante do silêncio do recém-nascido, continua o Ano Velho: - Que inveja! Gostaria de fazer tudo de novo, principalmente as coisas boas que propiciei. E quantas? Sonhos realizados, nascimentos, empregos, formaturas, aniversários, construções, casamentos... É, foi bom!

Espera algum palpite do seu novo colega... e continua:

- Pensando melhor, nem tudo foi bom: projetos interrompidos, assaltos, desempregos, problemas políticos, econômicos e financeiros, problemas com o ensino, escolas abandonadas, professores desprezados, saúde de mal a pior, hospitais sem recursos, remédios em falta, cada vez mais caros, fome desafiando o governo que parece não estar nem aí, separações mil... Tudo isso?

- É, não foi tão bem assim! Desembucha o Ano-Novo.

- Ah, é? Quero ver o que você vai fazer? No final, voltamos a conversar...
Vivemos mais um ano e somos todos felizes por isso; estamos comemorando o Ano que se inicia; embora seja, na prática um reinício da contagem do tempo, um artifício de calendário, o encanto do Ano Novo é algo muito forte: representa um novo tempo, uma nova vida, novas esperanças. Nunca podemos esquecer que "não se mede um ano pela quantidade de dias, mas pela intensidade de vida que colocamos em todos esses dias" (Pe. Luiz Carlos de Oliveira).

O Ano Novo aceita pedidos, propostas, acordos, colaboração, empenho, vontade, determinação e vai depender de muita luta, muito esforço.

Começaríamos, então, pedindo muito trabalho, oportunidades de trabalho para todos. Trabalho que é bênção e dignidade.

Peçamos muita saúde, essa preciosidade, infelizmente tão maltratada pelas nossas autoridades e governantes. Pedimos pelos profissionais da saúde, pelos cientistas e pesquisadores, nas mãos de quem colocamos as esperanças de vitórias contra as doenças, suas dores e sofrimentos. Oremos por eles...

Escolas. É urgente restaurar o poder das escolas; é urgentíssimo revalorizar o papel fundamental dos nossos professores! O povo precisa de educação!

Peçamos pelas famílias, bem ou mal constituídas e até pelas destruídas; pelas que vão se formar para que isso não se dê "de repente". Que este novo tempo traga as motivações necessárias a viver esta grande missão. Que elas reencontrem seu lugar e sua dignidade. Que haja mais respeito aos filhos e consideração aos pais.

Paz. Harmonia consigo mesmo, com o próximo, com a natureza e com Deus. Todos temos anseio pela paz, uma das coisas mais lembradas nos pedidos para o ano novo. Talvez porque seja um dos ingredientes fundamentais para a realização do sonho de um mundo mais feliz.

Pedimos Alegria. Porque o mundo está triste, cheio de divisões, discórdias, contendas, disputas, desigualdades, falta de oportunidades e de expectativas. Alegria faz falta; não uma alegria boba, barulhenta, mas uma alegria profunda, de coração, da alma, capaz de espantar a tristeza ou mesmo conviver com ela e de lutar. Alegria que não se abala com as dificuldades e mesmo com os sofrimentos.

Realizações. Há muita coisa a fazer, a refazer, a colocar no seu lugar. O homem é chamado por Deus a realizar obras, a construir o Reino aqui na terra. "A messe é grande e poucos os operários...".

Peçamos ainda por mais segurança, por mais respeito à vida e ao meio ambiente, por liberdade.

Finalmente, ousamos pedir pelos nossos governantes, nossas autoridades, para que se sensibilizem com as necessidades do povo, que se conscientizem de suas responsabilidades e compromissos e que se convençam de que podem fazer muita coisa, especialmente pelos menos favorecidos. Rezemos por eles...

Novas plantações, novas colheitas. O ano novo vai lançar novas sementes nos campos de nossa vida, mas não vai realizar a "mágica" sozinho...

Lembramos aqui a Receita de ano novo, de Carlos Drummond de Andrade de onde separamos alguns trechos:

"Para você ganhar belíssimo Ano Novo...

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre."

Despede-se 2005. Salve 2006 - um novo "vir-a-ser". Vamos investir tudo nele. Este é o nosso melhor ano. Adeus ano velho, feliz Ano Novo!

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