O Bondinho de Piracicaba
Ao ritmo de autêntica vesperal literária, um público selecionado, de gente de casa e não pequeno número de convidados de outras plagas, reuniu-se no tradicional auditório do Sincomércio, na tarde de 21, sábado, deste janeiro que se finda.
Sob os auspícios da ACADIL, Academia Ituana de Letras, o renomado escritor Inaldo Lepsch, um de seus confrades, apresentou o sétimo de seus livros, denominado, “O Bondinho de Piracicaba, novas memórias”.
Na verdade, uma continuidade do anterior, do mesmo nome. No atual, Lepsch aproveita para ir além nas rememorações, com abrangência não apenas centradas na Noiva da Colina, mas do muito de suas andanças, Brasil afora.
À mesa dos trabalhos, o presidente da ACADIL, professor Luís Roberto da Rocha de Francisco, a primeira secretária, doutora Maria Lúcia Almeida de Marins e Dias Caselli e o autor, por ela apresentado.
Por via de se tratar de filho de agrônomo, senhor Reynaldo Lepsch, o autor se fez morador de muitas cidades, Brasil afora: Itu, Piracicaba, Areias (PB), Areal (RJ), Capivari em duas oportunidades, Monte Aprazível, São Carlos e Casa Branca.
Compreensível, pois, ter sido cioso colecionador de enfoques sobre variadas regiões, com a tipicidade de cada uma. De boa memória e sob cuidadoso registro, anotou pormenores sem fim, a ponto de levar esse conteúdo ao número de sete recheados livros:
O Barão de Itaim (1999), Memórias da Caridade (2003), Taunay e o Padre Voador (2005), Camargos e Penteados (2007), E eles fizeram história (2010) e o Bondinho de Piracicaba (2013) complementado pelo atual tambémde mesma denominação, O Bondinho de Piracicaba, novas memórias (2017).
Há que se conferir ao Lepsch, com todas as honras e mérito, a titularidade de escritor eminentemente memorialista. Atua como poucos na ciosa anotação de dados com que após premia seus leitores. Tem sido assim.
No livro em foco, pois, já no primeiro capítulo, escreve sobre o império das rádios, a rememorar os luminares da comunicação e do entretenimento, tempos em que sequer se cogitava do domínio da televisão.
No capítulo seguinte, cioso e agradecido, cuida de rememorar escolas e mestres ao longo das andanças, num tributo eloquente e merecido.
Dessa altura, conduzam-se os leitores ao capítulo derradeiro de especiais memórias sobre a cidade de Petrópolis.
Fato é que do primeiro ao último dos relatos há todo um mundo de citações e pormenores a dar as mãos aos leitores para reviver um passado pleno de vida e arrojo. Poupem-se, repito, mais pormenores, para que com eles se deliciem os próprios leitores.
O livro é dedicado a seus pais, Reynaldo e Ignez.
A publicação se constituiu como das últimas obras das de responsabilidade da Editora Ottoni, com atividades recentemente transferidas a terceiros. E bem a propósito, consigne-se a perfeição do volume, com destaque ao primoroso visual da capa.
Doutra feita, há que se anotar a particularidade de uma ideia reveladora e que prendeu os amigos do Lepsch de começo ao fim: a de que a tarde de autógrafos foi da mais interessante das descontrações, através de uma série aplaudida de começo ao fim, de excelente interpretação de números musicais de antanho.
Não fique tampouco sem registro, outra circunstância toda especial e íntima, presidida pelo autor e precedida de seu respeito ao credo de cada um dos presentes, de que a ele se unissem para que em uníssono recitassem a oração do Pai Nosso.
Em seguida, em dependência contígua, Inaldo Lepsch autografou os livros, a todos oferecidos gratuitamente.
Data e feito deveras marcantes nos anais da cultura ituana.