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Publicado: Sexta-feira, 3 de março de 2017

O Bullying nas escolas

Depois de tantos anos de campanhas, o bullying continua a existir nas escolas. Por que? Claro que ninguém em sã consciência é a favor do bullying. Claro que pais, educadores e professores procuram meios para evitá-lo. O que faz com que alguns jovens pratiquem esses ataques?

A questão é delicada e precisa ser trabalhada com cuidado. Como esse problema é geral e pode causar sérios danos, principalmente danos futuros para os dois lados (vítima e agressor), toda atenção... é pouca! Todos os pais estão sujeitos a que seus filhos estejam envolvidos direta ou indiretamente nisso. Aqueles pais que acham que com eles isso não está acontecendo... são os que correm maiores riscos.

Nas minhas palestras em escolas sobre o uso da internet para jovens, a primeira coisa que eu dizia era da importância de ter um bom filtro de acesso. Isso ajuda a resolver 90% dos problemas e dá aos pais uma clara noção do perfil de uso dos filhos. Pedia para levantar a mão quem tinha um desses em seu computador e raramente alguém levantava a mão. Eles protegem de pornografia e todo tipo de conteúdo que os pais preferem que os filhos não tenham acesso sozinhos. Além disso ele pode limitar o acesso por quantidade de horas e horários. Por exemplo, bloqueia o acesso depois das 20h até às 8h. Limita o uso para X horas diárias ou semanais. Não é uma ferramenta para vigiar os filhos e sim para protegê-los de conteúdo impróprio. Eles devem saber que o sistema está no computador e o que ele faz. Um dos principais recursos é o envio de um e-mail automático para os pais toda vez que o filho tentar acessar um site considerado impróprio. Além de avisá-los da navegação do filho, os pais podem liberar aquele site que é "falso negativo". Existe também um relatório de acessos com o perfil de navegação do filho. Isso vale para as mídias sociais também. Esses filtros são muito bons. No início é bem chato para entender como funcionam e fazer os ajustes específicos para o que os pais querem e não querem. Ao longo do tempo vai ficando cada vez mais fácil usá-los.

Além da questão do monitoramento nas mídias sociais e navegação da web, o importante é estabelecer uma cultura de paz, solidariedade e colaboração entre os jovens. Lamentavelmente a escola promove o contrário, acreditando que está ensinando alguma coisa. Ele fazem provas que testam a memória ao invés do conhecimento do aluno e para piorar dão notas comparativas e as explicitam publicamente. Isso gera uma competição longe do saudável. Acredita-se que a maior parte das ações de bullying nascem para compensar a dignidade arranhada. A escola também obriga os alunos a ficarem parados durante muito tempo tendo que prestar atenção a grade programática definida de cima para baixo, que geralmente é chata para a maioria. Normalmente esse conteúdo está longe de suas realidades atuais e provavelmente são obsoletas. Esse sistema promove o represamento da criatividade, energia do fazer e interesse incondicional de aprender. Com isso represado e o incômodo de que você "não pertence", que tipo de linguagem e intenção podem ser trocadas pelo WhatsApp? Longe de dizer que as escolas ou a educação são culpadas disso. Esse é um problema sistêmico! Elas (as escolas e a educação) são apenas o contexto onde o bullying se alimenta e se reproduz. Elas estão mais para a água parada onde o mosquito se reproduz e transmite a Dengue. Quem é o culpado da Dengue? A água parada? O mosquito? A Dengue? Todos e nenhum! Quem é o culpado do Bullying? As escolas? O sistema de educação? Os alunos? Os professores? Os pais? O Bullying?

Se pensarmos numa solução sistêmica para esse problema de complexidade, dificilmente encontraremos um caminho para resolvê-lo. Talvez seja possível resolverem algum problema pontual de um filho/aluno. Agora para resolver a escola como um todo, são muitos "pauzinhos" para mexer e precisa ver se há vontade política e pessoal da direção.

De imediato, recomendo a todos os pais instalarem filtros de acesso com os filhos sabendo dessa medida e fazerem um encontro (semanal, quinzenal ou mensal) passando um vídeo (curto) e dialogando em seguida. Esse diálogo pode ser o caminho mais curto de reduzir o bullying.

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