O calçadão cruzado
Causou estranheza outro dia – algo recente – em que aqui se aventou a hipótese de implantação do sistema de rodízio para veículos automotores.
Curiosamente, mesmo diante da obviedade de um recado que o próprio dia a dia está a fornecer, quase que se diga em todo mundo, pouco de prático e de mais ousado se cogita para se minimizar o magno problema do excesso de veículos nas ruas num fluxo cada vez mais complicado. Além da consequente e crescente falta de espaço para estacionamento.
Experimente alguém adquirir paulatinamente, por achá-los bonitos e bons, sempre mais móveis para sua casa, a ponto de deixar os cômodos a ponto de deicá-los cheios deles, até por encostar uns nos outros. No máximo, se sobrar, poderá ficar um estreito corredor no meio de toda mobília, a lhe permitir, com grande sacrifício, se locomover dentro da própria residência. Comparação mal feita, mas semelhante a esta é a realidade do trânsito que de há muito vem sendo chamado de caótico.
Outras praças, até que em princípio com dificuldades ainda maiores do que as de Itu, tem tomado providências corajosas que não resolvem mas melhoram o trânsito local.
Como exemplos mais palpáveis, veja-se o caso de Campinas e de Sorocaba. Não é fácil circular por lá, mas sem dúvida buscam-se incessantemente medidas que se não são definitivas ajudam temporariamente. Melhor do que nada.
A história do calçadão em Itu – sim, já virou história – temporariamente vive momentos cíclicos de tentativas várias. Está bem viva a lembrança inclusive do passo mais ousado e perpetrado em plena Floriano, de consulta popular sobre aquela implantação ou não. O povo aprovou. Parecia que ia acontecer. Parecia...
Sorocaba, seja esse o modelo mais evidente. Todo o centro, o miolo dele, hoje apresenta-se vedado a veículos e nem por isso a cidade foi prejudicada. A locomoção de pedestres no centro eminentemente comercial flui certamente com mais proveito e êxito.
Daí que, em Itu, não se há de pensar somente em que se implante o calçadão na Floriano Peixoto, da esquina da Elias Lobo até o Largo do Bom Jesus – ou um pouco mais nessas duas extremidades.
Obrigaria mesmo que os veículos buscassem pontos de estacionamento mais distantes e assim a desobstruir o centro, se fosse também provido do dito calçadão, inclusive a Sete de Setembro, do Largo da Matriz até a Igreja de Santa Rita.
O calçadão cruzado.
Quanto mais se dificulta a procura de uma vaga, mais se abrem imensos estacionamentos a prejudicar ainda mais a imagem das ruas centrais. Bem feitos os serviços, claro que se pode oferecer um aspecto muito mais agradável ao centro, decorado com piso adequado, luminárias e bancos confortáveis, quiçá com pequenas árvores.
Mas, ainda sobre o rodízio, se considerado precoce, que o seja ao menos aplicado apenas para efeito de estacionamento exatamente nas mesmas vias indicadas para o calçadão cruzado, enquanto este não concretize.
De todo modo, mais cedo ou mais tarde, vedar-se o trânsito nessas ruas, será mesmo uma fatalidade. E por que não se retomar então, desde já, o estudo necessário com essa finalidade?
Todas estas sugestões apresentam-se sob uma conotação de idéia generalizada e que ganhariam contorno profissional adequado, uma vez entregues a setores, entidades e pessoas para transformá-las em obra tecnicamente viável.
O chamado centro velho em praticamente todas as cidades não tem mesmo uma boa aparência, até pela transformação das fachadas, em que se misturam antigas e novas, amplas e estreitas, numa aparência bem desagradável. A melhoria desse mau aspecto também seria então contemplada.
Depois, bem depois (quando seria?...), em termos de paisagismo e visual, se cuidaria de voltar o olhar para a região do Mercado, em todo o seu entorno, englobada aí a área de circulação à sua volta, com imenso pátio na frente e nos fundos.
O conjunto desse complexo todo, localizado em área eminentemente central, causa o mais desolador dos aspectos a quem visite Itu.
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- bernardo campos