Publicado: Domingo, 26 de novembro de 2006
O drama do lixo na sociedade pós-industrial
Você já observou o volume de lixo que sua cozinha produz num lauto almoço de domingo? São embalagens e mais embalagens de produtos industrializados que vão se avolumando no cestinho da pia que, às vezes, o recipiente fica esturricado.
E você também já parou para se perguntar para onde vai tanto lixo? Tem consciência de que os aterros sanitários dos grandes centros urbanos estão saturados e que o nosso planetinha azul está se transformando num imenso lixão.
Pois é, amigo leitor, hoje vamos falar de um assunto sério: lixo. Sim, esse será, sem sombra de dúvidas, o grande problema do século 21, o que fazer com a incontável quantidade de produtos que não são reaproveitados em nossa sociedade. Os rejeitos, tanto industriais quanto domésticos, chamam a atenção dos ambientalistas e autoridades, pois a situação está saindo do controle.
Os cientistas chamam a atenção principalmente para os produtos que levam milhares de anos para entrar em processo de decomposição na natureza, como o vidro e o plástico. E que se alguma medida não for tomada, a natureza entrará em colapso brevemente, uma vez que lixos tóxicos estão comprometendo os lençóis freáticos e, por sua vez, poluindo os rios e mares.
Parece piada, mas não é: as autoridades dos Estados Unidos não sabem o que fazer com chamadas fraldas descartáveis que, devido à praticidade, substituíram as de pano; mas, em pouco tempo, tornaram-se um problemão no que tange ao seu destino final.
O drama fica mais evidente quando nos referimos aos residenciais, sejam eles horizontais ou verticais, pois, poucas unidades, no Brasil, dispõem de um sistema de coleta seletiva de lixo.
Notamos que muitos condomínios passam, até mesmo os de nossa cidade, longe dessa questão tão delicada e há residenciais que nem recolhem o lixo de maneira adequada, não orientam seus moradores para que separem os produtos orgânicos dos descartáveis que podem ser reutilizados.
Percebemos que a falta de conscientização contribui para que as pessoas simplesmente façam das avenidas, rios e córregos um latão de lixo a céu aberto. Sei de um condomínio horizontal, localizado em uma movimentada avenida da cidade, que tem em seu entorno um belo jardim. Todavia, o jardineiro tem que recolher todos os dias sacos plásticos, latas de cereja e refrigerantes que ficam acumulados no gramado, por entre as flores.
Por que isso acontece? Ocorre que pelo fato da avenida ser um corredor de ônibus, os passageiros dos coletivos descartam, pela janela, embalagens de salgadinhos, latas refrigerantes ou cerveja. Além disso, clientes de um hipermercado que fica próximo ao condomínio também contribuem para sujar o entorno do residencial, pois quando passam, simplesmente jogam no gramado tudo aquilo que não querem mais. Resultado: o jardim fica parecendo um verdadeiro depósito de lixo.
Isso sem falar na nova onda que está tomando conta das ruas Sorocaba, durante a noite, destruir contêineres e espalhar o lixo por toda parte. Isso sempre ocorre sempre nos finais de semana, pois na segunda-feira, as pessoas de bem, que pagam impostos, confrontam-se com o vandalismo, cenas deprimentes causadas por quem não tem um mínimo de noção de cidadania.
Diante de tal situação, cabe aqui um questionamento: será que quem faz isso não recebeu educação? Será que está revoltado com o mundo? Mas, que culpa a lixeira tem para sofrer terrível ataque? Mal sabe o bárbaro que, ao danificar um bem público, está destruindo aquilo que os impostos arrecadados (e que não são poucos) pelos governos foram empregados para garantir o mínimo de civilidade.
Acreditamos que estamos longe, longe dessa percepção. Como falar em cidadania num momento em que a ética foi enterrada pelos “mensaleiros”. Assim, falar conscientização sobre a problemática do lixo é o mesmo que catequizar índios canibais, apesar de que as civilizações indígenas tinham mais respeito pela mãe natureza do que os homens ditos civilizados.
E como dizia Oswald de Andrade, no ápice de suas polêmicas: “O Brasil está atrasado em relação ao resto do mundo uns 50 anos. Assim, só a antropofagia nos une, moralmente, socialmente...”
Polêmicas a parte, recomendamos, quanto à destruição de lixeiras e contêineres da cidade, que as autoridades policiais passem a observar essa ação nefasta que ocorre, não tão em silêncio, pelas madrugadas sorocabanas, a fim de conter a sanha dos revoltosos.
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