O fantasma apaixonado
O dia foi maravilhoso, a cerimônia emocionante, a festa linda, tudo perfeito e... Enfim sós!
Max e eu nos dirigimos á cabana no alto de uma serra que alugáramos para a lua de mel, plenos de felicidade, felicidade esta que foi bruscamente interrompida quando o carro despencou num precipício.
--Vamos morrer! Devo ter gritado, mas depois disso não vi mais nada. Acordei num quarto de hospital e a primeira coisa que me ocorreu foi:
-- E o Max? Como será que ele está? Será que ele morreu?
Tudo a minha volta era estranho, tentava lembrar os pormenores do acidente e não conseguia. Quis gritar, chamar pelo Max. Onde ele estaria? Por que eu estava tão só naquele lugar?
De repente avistei o Max e tive a certeza. Ele morrera e aquele era o seu fantasma! Ele desapareceu tão repentinamente como chegara e eu fiquei chamando desesperadamente por ele
Nunca me preocupara muito com o sobrenatural, mas lembrava de ter ouvido dizer que quando estamos enfraquecidas temos mais facilidade de nos comunicar com o além. Será?
Com dificuldade levantei-me e sai à rua a procura do fantasma do meu marido. Pude vê-lo muitas vezes, na rua, na igreja, na loja onde ele trabalhava. Seu fantasma estava sempre nos lugares que frequentáramos e eu sentia que ainda estávamos muito ligados, como se ele estivesse vivo, como se nada houvesse acontecido.
Fui até a nossa casa onde nem chegáramos a morar, e agora? Que faria? Estava tão confusa que não conseguia coordenar as ideias.
E assim, não sei dizer por quanto tempo fiquei andando ao léu com um único objetivo, ver o fantasma do Max.
Até que um dia o vi acompanhado de uma mulher. Uma rival? Seria ela uma “anja”? Será que agora ele também era um anjo e estava muito distante de mim, em outro plano, vivendo outra vida, amando outra mulher?
A ideia me chocou e, de repente percebi que ele não era um fantasma. Era um homem em pleno vigor da mocidade, namorando uma bela mulher, tentando refazer sua vida.
A verdade caiu como um raio sobre mim
O fantasma era eu! Eu é que tinha morrido!
Será que o Max conseguia me ver?
Nunca o saberia, mas sabia agora que minha vida e a dele não estavam mais ligadas e que eu não tinha o direito de perturbá-lo.
E então fui encaminhada para o lugar onde devia estar desde o dia do acidente assumindo uma nova fase de minha existência.