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Publicado: Sábado, 13 de março de 2010

O grande ausente

Encontramo-nos mergulhados em atemorizante materialismo. Digo atemorizante porque em nosso pábulo espiritual cotidiano (meios de comunicações) só nos deparamos com desanimadoras informações, trágicos acontecimentos, crimes de todos os tipos, crônicas ou artigos extremamente desalentadores e tristes, ou quando muito, com sádico humor.

Sobre estes últimos, para comprovar o que afirmo, transcrevo a seguir trechos finais de textos de dois grandes e famosos cronistas, cujos nomes nem há necessidade de declinar, tão conhecidos são. Vai o primeiro mais temeroso: “mas a chamada emocionante só vem com a droga pesada do século 21: a paixão impossível.

E isso é bom. Enquanto sonharmos com a plenitude, seremos infelizes. A felicidade não é sair do mundo, como privilegiados seres, mas entrar em contato com a trágica substância do não-sentido. Temos de ser felizes sem esperanças. É difícil; mas não há outro jeito.” (Estadão, Caderno 2 de 2/3/2010).

O segundo cronista, mais gozador obriga-nos a dar risadas sarcásticas: “Felicidade. O que é felicidade? Felicidade é quando o último canapé da bandeja sobra para você. É quando você sacode a lata e ainda tem cerveja! É encontrar vaga no estacionamento depois de uma volta só. É o dentista telefonar para desmarcar a hora.

E, ao contrário do que você sempre pensou, felicidade não é viver uma grande paixão, é ter alguém para coçar as suas costas.” (Correio Popular de 21/2/2010). Na quarta-feira, três de março, outro conhecido articulista (também do Caderno 2), tem a coragem de criar fábula sobre excrementos que se transformam em ouro, com toda a nojenta  sinonímia e acessórios correspondentes!

Com esse tipo de literatura de ilustres formadores de opinião, com os trágicos e constantes delitos, diuturnamente descritos em mínimos detalhes, com novelas e programas de auditórios dilapidadores dos bons costumes (o mais “inovador e inocente” deles convidando adolescentes a darem apaixonados beijos de boca para início de namoro!), não há de se esperar que a criminalidade do país regrida tão cedo, cultivando apenas essa “moral social” positivista e laica, absolutamente desvinculada dos sagrados princípios naturais e de qualquer religião.

Não cogitamos tecer comentários sobre a área política (pois seria um não acabar mais), mas o estranhável para o cidadão de bem (e acredito que é a misteriosa e oculta força que decide as eleições) é que todos os “políticos oficiais” ou de carreira, aceitam, sem o menor escrúpulo (esquecem que isto será nocivo e fatal para si próprio) a indicação de candidatos pelo “chefe” ou pelo partido, mesmo sendo do conhecimento geral que os “antecedentes” dos favorecidos não são recomendados, péssimos ou exageradamente negativos.

O Grande Ausente, que todos sabem quem é, desde há muito, marginalizado pelos pseudos pensadores da modernidade, que prosseguem na edificação dessa lastimável civilização com que nos defrontamos, realmente nos admira surpreendentemente pela infinita misericórdia para com as suas criaturas.

Apesar de assustador, terremotos, tsunamis, guerras, pragas, epidemias, enchentes, etc., servem para nos advertir que paciência tem limites, que as profecias do final dos tempos são temerosas. Seria muito bom se todas essas calamidades previstas nas profecias pudessem ser minimizadas, face edificante estágio de civilização “ad venire”.

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