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Publicado: Terça-feira, 30 de novembro de 2004

O Método dos Sons e a Desconstrução de Derrida

"Com ele, a França deu ao Mundo um de seus maiores filósofos contemporâneos, uma das maiores figuras da vida intelectual de nossa era. Derrida era lido, admirado e discutido no Mundo inteiro. Nunca deixou de questionar as diversas fontes da tradição Ocidental"

Esta é a declaração do Senhor Presidente Francês, Jacques Chirac, quando da morte de Derrida , no último dia 08 de Outubro.

Participei , em Agosto deste ano, a convite da Universidade Federal de Juiz de Fora – MG, por três dias, do Colóquio Derrida , no Consulado Francês no Rio de Janeiro, onde pude falar sobre o Método dos Sons e, inclusive, participar de uma Entrevista Coletiva com o Filósofo, quando perguntei a Ele sobre a importância da Educação no desenvolvimento do Conhecimento Humano e a importância da Comunicação no desenvolvimento da compreensão Universal.

Acho importante esclarecer, neste primeiro artigo sobre o pensamento de Derrida, que este pensador, nascido na Argélia, há 74 anos, não só trabalhou com a mudança de nossa visão sobre a Linguagem e a Comunicação, mas na visão desta em um sentido mais amplo, em um sentido de compreensão entre os Seres Humanos, uma compreensão que ultrapasse os portais do simples entendimento dos diversos signos usados na comunicação entre os Seres Humanos.

Derrida tenta, em toda sua obra, facilitar a compreensão dos filósofos que o precederam, alguns dos quais conviveram com ele, em seu tempo. Digo conviveram porque Derrida era tido como o “último filósofo vivo”, no sentido de ter criado uma Escola de Pensamento – A Escola Derridiana, a Escola da Desconstrução.

Tal como Chomsky, um Professor judeu americano que muito admiro, vem também da Lingüística, área à qual tenho dedicado minhas pesquisas, na tentativa de compreender melhor a Comunicação no Mundo atual, no Mundo ao qual pertenço.

Na realidade, com Derrida posso ver que o Método dos Sons tem muito a ver com a Escola da Desconstrução, quando tenta transformar, sem destruir, os Métodos e Formas de Ensino de Línguas Estrangeiras.

O que temos tido até agora? Metodologias que tentam fazer com que o Educando decore frases feitas, decore regras gramaticais, sem levarem em conta as necessidades de cada um, suas expectativas, sua origens, sem a preocupação de ouvirem ( Derrida se posiciona muito em sua obra sobre a necessidade de ouvir o outro ) o Educando para saberem o que estão procurando ao procurarem aprender e apreender uma Língua Estrangeira.

Será que é a mesma coisa ensinar línguas para crianças, jovens e adultos? Será que podemos coloca-los todos em uma mesma sala de aula, como o fazem tantas e tantas Escolas de Línguas hoje em dia?

Claro que não! Crianças normalmente não estão alfabetizadas; jovens não estão interessados nos mesmos assuntos dos adultos, e estes estão preocupados em lidar imediatamente com a Língua em si, em aplica-la imediatamente no seu dia a dia, em seus trabalhos, em suas leituras, em suas correspondências.

Será que podemos conceber uma Escola, seja de línguas, seja de Ensino Básico ou Superior, que não incentiva, com o devido afeto, seus alunos a lerem, a compreenderam as diversas culturas existentes à nossa volta e nas mais diferentes regiões do Mundo?

Mais uma vez, claro que não!

E é aí que concordamos com Derrida e abraçamos seu trabalho, no sentido de pensar e repensar o outro, no sentido de compreender as necessidades do outro, no caso daquela criança, daquele jovem, daquele profissional que está à nossa frente em uma sala de aula.

E esta forma de ver o mundo se aplica em todas as áreas de pensamento.

O Brasil descobre tardiamente Derrida, muitas Universidades de renome não o adotam, talvez por temerem a desconstrução, que nos trará a todos um Mundo novo.

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