O melhor ataque é a defesa
No cenário mundial, até então, o Barcelona ditava as tendências do futebol. Com seu estilo de jogo que prioriza o toque de bola ao lançamento, o time de Pep Guardiola era visto como referência para todos os demais treinadores. Era. Uma hora o reinado acaba e outro rei toma a coroa.
Esse novo rei é o Chelsea.
Após uma vitória dramática sobre o Bayern de Munique, o clube inglês faturou sua primeira Liga dos Campeões da Europa, no último sábado (19 de maio), jogando na casa do adversário. Isso após conseguir segurar toda a ofensividade do Barcelona nas semifinais, o que já credenciava o Chelsea ao título europeu.
Seria um indício de que os Blues ditarão os rumos do futebol pós-moderno a partir de agora? Em partes. De uns tempos pra cá, alguns treinadores vêm implantando a filosofia da retranca total. Armam um ferrolho defensivo com quatro homens na zaga (sendo dois laterais com pouca contribuição na frente), dois ou três volantes de bom passe e os demais responsáveis pela criação e finalização das jogadas. Tite, Mano Menezes, Celso Roth, Felipão e até mesmo Muricy Ramalho fazem muito isso.
O Corinthians talvez seja o maior exponte nacional dessa tendência. Com quatro zagueiros, o time dirigido pelo Tite (da tradicional "escola gaúcha"...) tem seu "cérebro" na dupla de volantes Ralf e Paulinho. São eles que conduzem o Timão às vitórias, mesmo que por 1 a 0 apenas.
Ou seja, o Chelsea não ditará moda. Ele faz parte de uma vertente do esporte, o futebol defensivo. Isso só ocorre porque dá pra vencer com uma zaga competente, sem grandes artilheiros na frente. E também porque temos poucos grandes jogadores em atividade, o que inviabiliza esquemas extremamente ofensivos.
Com a escassez de craques, o esporte bretão seguirá preocupado mais com os beques do que com os matadores. Isso até um cientista conseguir clonar humanos e resolva criar cópias de Neymar, Messi, Ganso...