O melhor presente
Desde o tempo de namoro, Alex e Gaby planejavam a sua futura família.
Três filhos lhes parecia o ideal.
Alex queria dois garotos e uma menina, Gaby preferia duas meninas e um menino, mas como essas coisas não se escolhem, isto não era motivo de desentendimento entre eles.
E escolhiam os nomes. Três nomes de homem e três de mulher, pois havia sempre a possibilidade de serem os três do mesmo sexo. De tempos em tempos substituíam um dos nomes por outro que encontravam e lhes parecia mais bonito.
Casados, no entanto, resolveram esperar um pouco, até melhorarem de situação financeira, pagar a casa, etc. Aconteceu, porém, que quando acharam que estava na hora de encomendar o primeiro, não o conseguiram.
Meses, anos, de tentativa frustrada foram deixando os dois cada vez mais ansiosos.
Quando souberam que na Europa estava sendo feito um tratamento moderno e infalível que ainda não era conhecido por aqui, não tiveram dúvidas, marcaram logo a viagem.
Seria ótimo, passeariam, ficariam mais tranquilos e quem sabe voltariam com o bebê encaminhado.
Tudo correu conforme as expectativas. O tratamento foi feito e os dois voltaram felizes com o resultado. Mas tiveram uma surpresa quando Gaby foi ao ginecologista para começar o pré-natal. Ela não teria um bebê, mas três!
No início ficaram meio assustados. Eles sempre quiseram três filhos, mas não de uma só vez! Acostumados com a idéia, no entanto começaram a curtir a espera da garotada.
Quando Alex chegava em casa a noite perguntava a Gaby:
- Como se comportaram as crianças? Deram muito trabalho?
E ela respondia rindo:
- Nem me fale! O Gustavo chutou a Celina o dia inteiro!
- E o Danilo?
- Que Danilo? Você quer dizer a Marina, não é?
- Vai ser Gustavo e Danilo. A menina você pode escolher, Marina ou Celina.
- E se for Marina, Celina e Estela?
- E se for Gustavo, Danilo e Alberto?
Era tudo brincadeira. Nada poderia empanar a felicidade deles.
Mas antes dos sete meses de gravidez, Gaby passou mal. Alex levou-a ao hospital e o médico disse que era urgente que as crianças fossem retiradas. Gaby corria sério risco de vida e os bebês também. Embora as chances de sobrevivência dos bebês fossem poucas, era o mais sensato para ser feito.
Com o coração sangrando e a mão trêmula Alex assinou a autorização para a cirurgia.
Enquanto Gaby estava no centro cirúrgico, ele encaminhou-se à capela do hospital e rezou como nunca havia rezado em toda sua vida. Dizia a si mesmo que Deus sempre faz o melhor para nós, mas ele não queria “o melhor”, queria a vida das criaturas que ele mais amava.
Uma “eternidade” depois o médico apareceu sorridente para lhe dizer que tudo tinha saído melhor do que era de se esperar. Gaby estava muito bem e os três pimpolhos saudáveis e perfeitos tinham toda a possibilidade de viverem normalmente, com alguns cuidados especiais por serem prematuros.
Gaby e Alex estavam super-felizes! Parecia-lhes que de repente a Terra transformara-se em um paraíso onde tudo era paz, alegria e esperança.
De súbito Alex lembrou-se:
- Poxa! Hoje é 12 de Junho, Dia dos Namorados e eu estive tão preocupado que nem me lembrei de comprar um presente pra você!
- Eu também não comprei nada pra você, mas acho que nós nos estamos dando o presente que mais desejávamos.
- É mesmo! Três preciosos presentes! Nunca fomos tão generosos!