Publicado: Sexta-feira, 3 de julho de 2009
O mundo de cada um
Na verdade, cada um tem o seu mundo: pode ser imenso, pequeno, mas é o mundo de que fazemos parte e realmente nos interessa. O mundo de que fazemos parte, onde se encontra integrada nossa vida, com aspirações, sonhos, metas, trabalhos, realizações, pode não interessar a mais ninguém, nem coincidir, total ou parcialmente, com os idealizados e vividos pelo semelhante. Talvez aqui se encaixe aquele ditado, “cada cabeça, cada sentença”, porque é quase impossível a uniformidade de objetivos e ideais.
O mote para a crônica decorre de conversa que mantive com jovem, em que notei que o mesmo “não estava nem aí” com as minhas preocupações, argumentos e objetivos. Naturalmente deveria se encontrar entretido com o mundo dele, que também, devido a natural reciprocidade, não seria de nenhum interesse para mim.
Surge então, reflexões sobre a conveniência ou não, de existir na sociedade agrupamentos por faixa etária onde as pessoas pudessem encontrar ao menos alguns pontos de convergência para eventuais diálogos. Lembrei-me que na adolescência assisti um filme (talvez baseado em fatos reais), onde os idosos, na Suécia, tinham cidade própria e exclusiva.
Realmente, o agrupamento por faixas etárias parece corresponder às situações fáticas adequadas, onde todos poderão se entrosar com mais facilidades. Essa situação de cidades só para idosos, porém, não me parece correta, porque oficializa discriminação, odiosa como todas. Mas, os agrupamentos temporários, inclusive freqüentes, poderão representar excelente oportunidade de congraçamento, distração e auxílio mútuo.
O fato é que em nosso meio, em nosso jovem país Brasil, a convivência com todas as gerações é amplamente democrática, sem quaisquer discriminações. Temos de aceitar como ótimos os costumes dessa convivência de crianças, jovens, adultos e idosos. Aliás, as famílias bem constituídas cultivam esse entrosamento cristão e fraterno.
De qualquer forma, porém, temos de ressaltar, com pesar, que esse mundo, alimentado por cada indivíduo, se encontra impregnado de banalidades e futilidades, de maneira que, fixando o momento, não nos proporciona qualquer utilidade ou aproveitamento.
Encontramo-nos dominados pela Mídia (a grande deusa e vilã da nossa Era) e seus informativos que, via de regra, se não tratam de tragédias, doenças, e estranhos e horripilantes crimes (na atual crista da onda predominam a pedofilia e os maus tratos contra menores), como boas notícias “apenas” nos confortam com os permanentes desfiles de modas e os intermináveis campeonatos futebolísticos, nacionais, continentais e internacionais. Então, ao invés de ser esse, o de cada um, acaba por ser o nosso mundo, do qual não se tem como fugir.
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