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Publicado: Quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O Museu Republicano e a Historia de Itu

                                                                      O Museu Republicano e a História de Itu

 

Este  artigo foi publicado em ZEQUINI, Anicleide. O Museu Republicano e a Historia de Itu. Revista da ACADIL: Academia ituana de  Letras. Itu,SP:  Ano XIII/ v.XIII, p. 41-48, 2011.

 

Dra. Anicleide Zequini - [email protected]

 

 

 Em 18 de abril de 1923, a cidade de Itu estava em plena festividade com a inauguração do Museu Histórico Convenção de Itu, denominação dada pelo jornal Republica, fazendo referencia a Convenção de 1873 ou então, do Museu Histórico Republicano, denominação dada pelo jornal A Cidade, que se identificava como órgão do Partido Republicano de Itu.

 

Ambas as denominações, refletiam posicionamentos políticos de cada um daqueles jornais, evidencia esta que ainda carecem de uma pesquisa mais minuciosa. Contudo, ambos, através de seus redatores, não mediram esforços para transformar aquele evento não apenas em um ato público, mas também político.

 

A República, através de seu redator Affonso Borges, fazendo jus ao título que havia dado, procurou evidenciar os trabalhos dos “propagandistas da Republica” destacando, sobretudo, a presença de alguns deles  chamados pelo redator de “venerandos anciãos”[1],  “velhinhos conscientes de seu próprio valor voltavam-se os olhos admirados dos que procuravam e viam neles a estampadas as peripécias das grandes lutas outrora travadas para a implantação do regime democrático em nosso País”, e complementa, “ a mocidade foi-se, mas a energia do paulista assenta-se no espírito, repousa no coração e não desaparece com a idade”.[2]

 

Ainda neste mesmo artigo, a descrição dada pelo articulista às festividades, permitiu observar que a cidade estava bastante movimentada, pois inúmeras pessoas haviam chegado à véspera, adiantando-se a comitiva presidencial para garantirem uma comodidade.  Hotéis, ruas, praças e casas de negócios estavam cheias e, segundo a mesma notícia, de “uma gente alegre e divertida”[3].

 

Ao se aproximar a hora da chegada do trem Presidencial, trazendo Washington Luis, então no cargo de presidente do Estado de São Paulo e sua comitiva, “o povo previamente avisado por um boletim, começou a se deslocarem em direção à estação que, às 11 horas, não comportava a enorme multidão que se acotovelava dentre do edifício [estação] e nas suas imediações”.[4]

 

O redator do Republica, ao comentar os feitos do presidente, procurou também deixar registrado a familiaridade e proximidade de Washington Luis com a cidade de Itu, e  depositando no próprio Washington, os créditos pela concretização da instalação do Museu em Itu.  Assim registrou:

 

“ um dia, quem sabe se pela primeira vez, o dr. Washington Luis veiu a Itu, quando o Dr. Jorge Tibiriçá, então presidente do Estado fez uma visita a fazenda Pirapitingui, onde se fizera grande plantação de arroz.

Rapidamente, em algumas horas, apenas de permanência nesta cidade, os olhos perspicazes do então Secretario de Justiça e Segurança Publica  relancearam por esses velhos casarões e  os seus ouvidos escutaram perfeitamente o sussurro abafado das glorias soterradas”.  E vai mais além afirmando que  como “Republicano de estirpe, é aqui que ele vê o berço da Republica”[5].

 

Assim, acreditava o redator, que toda a movimentação em torno do Museu Histórico da Convenção de Itu, era também o momento de um despertar da memória local, pois a cidade representava um “verdadeiro museu de relíquias republicanas” a céu aberto, mas “tudo estava adormecido sob o pó da mais criminosa indiferença” e guardados, entre outros, “nos velhos casarões remanescentes do século XIX”[6].

 

Já para o jornal A Cidade, a inauguração do museu foi também o momento de rememorar os cinqüenta anos passados da Convenção de 1873. Para tanto, reservou duas de suas páginas para publicar as Atas do movimento republicano de Itu. Uma delas datada de 10 de setembro de 1871 e, a outra, de 14 de julho de 1872, ambas assinadas por Paula Sousa, secretario do partido do Partido Republicano de Itu[7]. Esses documentos, segundo o mesmo jornal, haviam sido guardados por mais de quarenta anos por Paulino de Lima.[8]

 

Este jornal, também não mediu esforços em descrever em sua edição de 22 de abril de 1923, passo a passo, o roteiro oficial empreendido por Washington Luis e sua comitiva. A denominação de Museu Histórico Republicano, dada pelo jornal A Cidade, ia ao encontro a sua declarada filiação ao Partido Republicano. Assim,  embora não deixasse de mencionar os convencionais de 1873, procurou enfatizar a importância da Convenção de 1873 para Historia de São Paulo. E assim resumiu: “A Convenção de Itu é um dos fatos de relevo da nossa Historia Pátria e que tanto honra o patriotismo dos paulistas bandeirantes impávidos do ideal democrático”.[9]

 

As festividades contaram também com inúmeros convidados de outras localidades, como a Companhia de Guerra da Força Pública e a banda de música de São Paulo trazido a cidade de Itu, graças aos serviços oferecidos pela Estrada de ferro Sorocabana, que não mediram esforços para colocar vários trens especiais para a localidade.

 

Segundo o Inspetor Geral, os trens especiais para Itu permitiram a “correspondência direta de todos os pontos extremos da Sorocabana”. Os provenientes de Piracicaba e Mairinque fariam a baldeação em Itaici e, deste local, partiriam para Itu. Os de São Paulo, vindos em trens da São Paulo Railway trocariam de composição na estação de Jundiaí e, deste local, partiam para Itu [10].

 

Criado para ser um memorial da Historia Republicana Paulista, a instalação do Museu se concretiza em meio às comemorações do Centenário da Independência do Brasil em 1922, cujas festividades proporcionam a capitalização de recursos, em especial, acumulados pela cultura cafeeira para a construção de parques, construções públicas e monumentos [11] e em meio aos “primeiros sinais de desgaste” do Partido Republicano Paulista[12].

 

É também neste período que se deu a inauguração do monumento do Ipiranga e a reorganização do Museu Paulista, conhecido como Museu do Ipiranga. Parte desta reorganização contou com a remodelação da decoração interna do edifício e a criação da Sessão de Historia Nacional, com destaque para Historia de São Paulo, a qual ficou subordinada o Museu Republicano e, a Sessão de Etnografia.

 

Segundo Affonso de Taunay, a idéia de adquirir o sobrado que em 1873 sediou a Convenção e transformá-lo num memorial da Convenção e do Partido Republicano Paulista, já estava sendo cogitada desde os anos de 1917-1918.

 

Esse interesse havia se manifestado, segundo Taunay, pelo então prefeito da cidade de Itu, Graciano Geribello, que tentara sensibilizar o Governo do Estado de São Paulo, na época presidida por Altino Arantes, a comprar a “Casa da Convenção”[13], o que se efetivou apenas na gestão Washington Luis, que “sempre interessado e estudioso da Historia paulista, viabilizou o projeto”.[14]

 

A Cidade, jornal do Partido Republicano de Itu, em matéria publicada em 15 de abril de 1923, nos fornece uma indicação que vem ao encontro com a afirmativa de Taunay, quando este se referiu as tentativas empreendidas pelo prefeito Dr. Graciano Geribello para a compra daquele edifício. Através daquela nota-se que, em 1919, Graciano “aproveitando sua passagem [Altino Arantes] pela Rua Carmo, mostrou a S. Excia o prédio da Convenção”[15].

 

Além das comemorações empreendidas pelo estado de São Paulo em meio às festividades do Centenário da Independência e o processo de efetivação da instalação do Museu Republicano, a cidade de Itu passava por uma “modernização urbana”. Através da aprovação de um projeto de lei pela câmara municipal, posteriormente transformada em Lei Municipal, determinou a modificação da nomenclatura de ruas e praças da área central, fazendo desaparecer as denominações originárias do período colonial dos espaços públicos.

 

Assim, o Largo de São Francisco passou a ser denominado de Praça D. Pedro I; a Rua da Palma, para dos Andradas e a Rua Direita para Paula Souza. O mesmo, para a Praça Municipal (Largo do Carmo) que passou a ser denominada de Praça da Independência.[16]

 

É também neste ano, que Washington Luis inaugura a estrada de rodagem ligando São Paulo a Itu, um dos marcos de sua administração, cujo lema a ele atribuído era “governar é abrir estradas”[17]. Neste momento, Geribello estava no cargo de Prefeito Municipal, sendo seu vice Luiz Gonzaga Bicudo. Além das costumeiras boas vindas, segundo as Atas da Câmara Municipal redigida em primeiro de maio de 1922, houve uma solenidade no salão nobre da Câmara tendo por finalidade a inauguração oficial de um retrato de Washington Luis. Pelo menos 100 pessoas estiveram presentes nesta solenidade, entre elas, o historiador e jornalista ituano Francisco Nardy Filho.   

 

Assim, pode-se afirmar que a presença de Washington Luis em 18 de abril de 1923 fazia parte de uma série de outras viagens que ele fez a Itu. Há registros de sua estadia em vários anos. Em 1908, quando exercia o cargo de Secretário da Justiça e da Segurança Pública do governo de Jorge Tibiriçá Piratininga, quando visitou as plantações de arroz existentes na fazenda Pirapetinguy pertencente a Campos Netto.  Voltaria a Itu, pelos menos nos anos de 1909-10, 1922, 1923 (duas vezes) e 1926 como candidato a presidente da Republica. Em 1926, participou de um almoço comemorativo a inauguração do novo edifício do Asilo Nossa Senhora da Candelária juntamente com Carlos de Campos então presidente do Estado de São Paulo. E, em 1953, quando recebeu o título de cidadão ituano. 

 

A inauguração do museu também se deu em um momento de transição política local. Graciano Geribello, embora tenha sido eleito para seu terceiro mandato como prefeito da cidade para o período de 1923-1925, delicadamente renuncia ao cargo.  Nesta eleição havia dois candidatos: Graciano Geribello e Luiz Gonzaga Bicudo. O primeiro recebeu 6 votos e o segundo 2 votos. Contudo, vale informar que as eleições para prefeito e vice-prefeito eram indiretas e realizadas entre os vereadores eleitos da Câmara Municipal.

 

Nas Atas de 15 de janeiro de 1923, encontra-se o seguinte pronunciamento de Geribello após sua vitória que “acabara neste momento de receber da Câmara Municipal mais uma prova de confiança reelegendo para o elevado cargo de prefeito, agradecia penhorado aos seus colegas de Câmara essa prova, porém motivos de ordem particular o obrigava a renunciar esse cargo”.[18] Promovendo nova votação foi eleito Luiz Gonzaga Bicudo e para vice-prefeito João de Almeida Camargo[19].

 

Essa transição política, que ainda demanda pesquisas, parece ter interferido também nos trabalhos da Câmara local. Uma evidencia dessa constatação é a ausência de comentários a respeito da inauguração do Museu Republicano. Assim, nem mesmo a grande movimentação em torno daquela festividade e a presença do presidente do Estado de São Paulo Washington Luis, foram motivo de comentários pelos vereadores.

 

A sessão de 14 de abril de 1923 quando, provavelmente, poderia ter sido registrada a inauguração, a sessão da Camara não pode ser realizada por falta de corum. Nesta ocasião compareceram apenas Graciano Geribello e Luiz Gonzaga Bicudo, este último já como prefeito da cidade. A próxima sessão, ocorrida a 12 de maio de 1923, os trabalhos ficaram por conta das discussões acerca da ausência de “moradias higiênicas” (casas operárias) para a população operária, num momento em que a localidade se via em meio a um desenvolvimento das indústrias locais.

 

Por outro lado, a inauguração oficial do museu, foi destinada para convidados e autoridades, o que é notado em uma carta encaminhada por Taunay, agora oficialmente como Diretor do Museu Republicano, à Washington Luis em 21 de abril de 1923.  Observa-se que entre os assuntos tratados, há um pedido de autorização para que “se deixasse o Prédio da Convenção ornamentado durante alguns dias”, com as folhagens, até o dia primeiro de maio. Isso, para que “as pessoas dos arredores e fazendas de Itu possam vir à cidade e ver o local do fato de 18”[inauguração][20].

 

 O diretor Affonso de Taunay também se destacou pela atuação na administração e organização do Museu Republicano, bem como, pela rede profissional e pessoal que construiu durante as décadas em que freqüentou a cidade.Entre 1923 e 1946, adquiriu telas, móveis e objetos de diferentes estilos, procedências, e épocas e encomendou retratos a diferentes artistas. A exposição idealizada por Taunay procurava evidenciar a participação dos paulistas, por meio do Partido Republicano Paulista, no processo de proclamação da República.

 

Era na cidade de Itu e na região que conseguiu inúmeros contatos para a execução do seu projeto, além de ter recebido doações tanto de membros do Partido Republicano Paulista como de familiares dos convencionais.

 

No interior de uma das residências ituanas, foi buscar um conjunto de mobílias para compor a primeira sala de exposição do museu: a Sala da Convenção. A mobília, um conjunto de cadeiras e outros móveis, datados do século XIX, que atualmente compõem a “Sala da Convenção”, pertenciam à residência de Felício Marmo, professor da escola ituana Cesário Motta.  

 

A mobília adquirida era adequada ao projeto de Taunay em criar uma sala de visitas de uma “rica residência” da época áurea do café e assim, aproximar o visitante do ambiente vivenciado pelos republicanos da segunda metade do século 19. A intenção era fazer com que o visitante se sentisse transportado ao passado. Para completar, retratos dos republicanos que presidiram os trabalhos da Convenção de 1873.

 

Outro projeto foi a criação da Galeria dos Convencionais, da qual colaborou imensamente o Sr. Sampaio de Capivari. Para a criação desta área, Affonso Taunay encomendou a artistas de renome uma série de retratos de líderes políticos participantes da Convenção, e pessoas envolvidas com o movimento republicano. Entre os retratistas estavam: Oscar Pereira da Silva, Pedro Alexandrino, João Baptista da Costa, Henrique Bernadelli, Paulo Valle Júnior, Henrique Tavola, Pedro Bruno, Bernardino de Souza Pereira, Framta Richter, Tarsila do Amaral, Teodoro Braga, José Wasth Rodrigues, Henrique Manzo, Ernani Dias e N. Petrilli.

 

Para a produção dos retratos os artistas utilizavam como referência fotografias. A utilização dessas pinturas estava centrada  no valor pedagógico atribuído à imagem e na concepção de História, partilhada por Taunay, pois para ele a pintura tinha valor de documento podendo substituir fontes de época.

 

Em 1921, o pintor ituano Jonas de Barros, entrega a Taunay, a pintura idealizada da Convenção republicana: Quadro “Convenção de Itu (1873), finalizado em 1921, obra que se tornou referencia nos livros didáticos.

 

Em outubro de 1923, Taunay apresentou aos vereadores de Itu, o projeto pormemorizando e um exemplar acondicionado em “quadro com vidro emoldurado” confeccionado pelo pintor Oscar Pereira da Silva.

 

Taunay também marca sua presença como grande incentivador e orientador de trabalhos para a História local e regional. Em meio as suas correspondências, observamos que muitos o procuravam interessados em desenvolver e conhecer a História de suas cidades.

 

Embora seja uma pesquisa ainda a ser desenvolvida, vale ressaltar sua presença em pelo menos alguns trabalhos, como de Aluísio de Almeida, que desenvolveu vários trabalhos sobre a cidade de Sorocaba, Francisco Nardy Filho, autor  de vários volumes sobre a História da Cidade de Itu e de Luis Castellari, historiador saltense e autor de Historia de Salto. Neste último livro, uma carta de Taunay endereçada ao autor e escrita em dezembro de 1942 , trasnformou-se em apresentação de seu livro, editado na década de 1970.

 

Taunay, durante o período em que digiriu a Instituição  foi responsável  pela formação do primeiro grupo de funcionarios do Museu Republicano, todos ituanos ou aqui residentes. Entre eles, os conservadores,  Evaristo Galvão de Almeida, entre os anos 1923-1924; Izabel Ferraz, entre 1924-1926, Otilia Penteado de Paula Leite, 1926-1930; Arthur Ferraz Sampaio entre os anos de 1930-1939, mas nomeado somente em 1936 e Maria Antonia Luporine Sampaio entre 1939-1974.

 

 



[1] Museu Histórico Convenção de Itu. jornal Republica. 22.abr.1923.p.01

[2] Idem

[3] Idem

[4] Idem. Não encontramos nenhum exemplar do boletim mencionado neste artigo.

[5] Dr. Washington Luis. Jornal Republica. 18 abril. 1923. p. 01

[6] Idem.

[7] Idem p. 01 e 02.

[8] A Cidade. 18 abril 1923 p. 02.

[9] Dr. Washington Luis. Jornal A Cidade. 18 de abril. 1923 p. 01

[10] Oficio encaminhado à Washington Luis pelo Inspetor Geral da Estrada de Ferro Sorocabana. 13 de abril de 1923. Arquivo Washington Luis, acervo Arquivo do Estado de São Paulo. De São Paulo a Itu gastava, em média, três horas de viagem.

[11] Antunes, Sergio Pereira. A administração de Washington Luis um resgate. FFLCH –USP, Departamento de Historia Econômica, 2003, p. 216.

[12] BREFE, 2005:167

[13] Cf. Taunay, Affonso D’Escragnolle. Guia do Museu Republicano Convenção de Itu, 1946.

[14] Antunes, Sergio Pereira. Op. Cit. P. 230.

[15] Altino Arantes esteve em Itu para os festejos a “Senhora Supervisora do Colégio do Patrocínio de Itu”, em 1919.

[16] A Praça da Independência guarda na atualidade os momentos daquela festividade como a presença de uma placa comemorativa com o seguinte dizer: Praça da Independência - Placa do Centenário – 7-9-922)[16]. A mesma praça foi escolhida para a colocação do busto de Geribello: uma homenagem dos seus conterrâneos no ano de 1957.

[17] Ver Ilustração de São Paulo. Revista mensal , 1922.

[18] Atas da Câmara de Itu. 15 jan. 1923 p. 84v – 86.

[19] A Câmara para o período de 1925 a 1926 ficou constituída pelos seguintes vereadores: Pedro Paula Leite de Barros, Vicente de Almeida Sampaio Prado, Dr. Graciano de Sousa Geribello, Luiz Gonzaga Bicudo, João de Almeida Camargo, Joaquim de Toledo Prado, Servulo Pacheco e Silva e Luiz de Camargo Penteado. 

[20] Oficio encaminhado à Washington Luis por Taunay. 21 de abril 1923. Arquivo Washington Luis. Arquivo do Estado de São Paulo.

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