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Publicado: Segunda-feira, 12 de março de 2012

O óbvio esconde o absurdo - A Civilidade da Guerra

Não venho aqui defender tese alguma. Venho apenas dividir a dúvida e o pensamento dialético sobre situações que se desfazem pela própria lógica que as constrói.

Tenho dificuldade profunda de compreender algumas coisas que, creio, devem ser simples. A tentativa de civilizar a Guerra é uma delas.

Quando organismos internacionais passam a tentar organizar uma Guerra, pra mim a tratam como a um jogo de tabuleiro, tornando profundamente difícil entender a lógica da situação. Se existe ainda, de ambos os lados, algum caminho de civilidade para que se possa respeitar regras, não deveria este resto de comunicação e aceitação entre as partes, ser usado pra tentar caminhos não bélicos para resolver o conflito?

Entendo a formação de exércitos como um mecanismo para proteger uma sociedade de seus agressores. Mas quando determinam mecanismos supranacionais, que civis, escolas e hospitais não devem ser atacados, não seria isto suficiente para tornar um exército até mesmo desnecessário?

Quando trava-se uma Guerra onde ambos os lados aceitam não atacar civis, imediatamente tiramos do exército sua função de proteger a sociedade, e os transformamos em agentes de Guerra, assumidamente constituídos para o ataque, que será conduzido ao espelho de um jogo de tabuleiro, onde o vencedor poderá definir os termos do acordo. Meu caro soldado, é claro isto para ti ao se alistar? Estas aí, não para defender teu país, mas para lutar por uma vantagem de tabuleiro que será usada posteriormente no campo político.

Se na busca de civilizar a guerra, chegamos a situação tão confusa, não seria finalmente a hora de tentar a paz como caminho?

Não aprovo, não desejo e não defendo a guerra como mecanismo para nada. E se ela apesar do absurdo ocorre, que seja então preservando algo. Mas posso compreender a guerra entre povos onde cresceu o ódio a ponto em que desejam do outro a destruição. A guerra entre partes que querem ferir seu oponente e, neste esforço, buscarão fragilizar destruindo, sim, escolas e hospitais. Buscarão agredir as famílias para enfraquecer os soldados. No amor e na guerra vale tudo, costuma-se dizer. Pois bem, se não é assim a guerra, não deveria ela deixar de fazer sentido? Pois se há algum espaço para que ela não seja assim, não deveríamos usar este espaço para extingui-la?

Não consigo entender que se civilize a guerra, pois estes dois conceitos não deveriam andar juntos.

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