O País dos Falsos Ídolos
Há quem diga que é infeliz a nação que precisa de heróis. Até entendo o argumento. Em vez de ficar admirando os feitos de alguém no passado, cada um de nós deveria procurar a glória pessoal no tempo presente, nas pequenas e grandes batalhas do cotidiano.
No interior da afirmação supracitada, porém, escondem-se sementes de arrogância e desprezo. Desconsiderar os grandes feitos dos vultos históricos do passado é cair num falso orgulho, além de ser um incentivo à ignorância. Todos precisamos de referências. O exemplo dos quais precisamos podem vir dos nossos pais, parentes, amigos e também de personalidades em geral.
O Brasil é muito ingrato com seus heróis. Aqui o senso comum prefere desprezá-los. Nas escolas e nos conteúdos midiáticos não se ouve falar de belos exemplos de vida como os de Rui Barbosa, do Barão de Mauá ou de José Bonifácio; tampouco da Princesa Isabel, da Madre Voiron ou de Zilda Arns. Não nos livramos ainda da síndrome de vira-lata. Se é brasileiro, não presta.
Pior do que desprezar heróis é aclamar falsos ídolos. Ao mesmo tempo que rejeita seus ícones locais, grande parte dos brasileiros prefere importar “heróis” de outros países. Seria até útil se fossem heróis mesmo, mas trata-se da pior escória já produzida pela humanidade. São malfeitores do naipe de Che Guevara, Simone de Beauvoir e Hugo Chávez.
A mídia impõe ao cidadão comum uma casta de ídolos minuciosamente fabricada. E ai de quem falar contra os seus escolhidos! Como pode alguém falar mal de Caetano Veloso? Como pode alguém vaiar Chico Buarque? Como pode alguém condenar Lula? O negócio é aplaudir infinitamente e apoiar todas as asneiras vomitadas por Fátima Bernardes, Valesca Popozuda e Gleisi Hoffmann.
No Brasil comete-se esse pecado: além de idolatrar gente que não merece, blindam-se certas pessoas contra qualquer crítica, dirigindo uma falsa condenação moral aos que usam a inteligência e o bom senso para julgar a realidade.
Somos um país de falsos ídolos. Os grandes vultos da história não são vistos em praças e monumentos, suas biografias não são conhecidas dos alunos nas escolas. Daí termos milhares de jovens que ficam excitadíssimos ao falar da “revolução” em Cuba, sem saber das atrocidades cometidas pelo ditador sanguinário Fidel Castro e as milhares de mortes que estão na conta de sua pobre alma.
Um país sem heróis é um país sem história. Um país sem história é um país sem memória. Um país sem memória é um país desmiolado, no qual os mais espertos sobrepujam incessantemente os anestesiados, os donos do poder colocam no bolso os que os ameaçam e os senhores da mídia manipulam os alienados como idiotas úteis (ou apenas úteis).
Há quem diga que é infeliz a nação que precisa de heróis. Prefiro dizer que mais infeliz é o país que precisa de heróis falsos ou de bandidos de estimação.
Amém.