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Publicado: Segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O papel dos leigos

Não é difícil encontrarmos quem ainda pense que a Igreja são os padres, os bispos, os religiosos, as religiosas... e o papa. Para eles os leigos participam dela como “telespectadores” e não como membros constituintes. Por não se sentirem integrados, também não se acham responsáveis pela sua missão. Mas a Igreja são o clero e os leigos.

Encontramos na Constituição Dogmática Lumen Gentium (LG), item31, o conceito de leigos: “... todos os cristãos que não são membros da sagrada Ordem ou do estado religioso reconhecido pela Igreja...”.

Os leigos estão comprometidos com a Igreja de Cristo. No entanto, ao longo de sua história, a Igreja nem sempre deixou muito clara a situação do leigo, bem como seu papel (suas atribuições) dentro da instituição. O Concílio Vaticano II veio trazer muita luz ao assunto e, também, alguma polêmica. Há quem defenda que o Concílio exagerou elevando demasiadamente os leigos, diminuindo a “distância” entre eles e o clero, comprometendo a hierarquia. Segundo os seus críticos, o Concílio Vaticano II teria “autorizado” os leigos a não dependerem tanto dos ensinamentos do clero. É claro que isso é absurdo. Jamais houve a intenção de igualar os papéis dos leigos e do clero, nem a “dispensa” dos leigos da obediência cristã, daquilo que “os sagrados pastores, representantes de Cristo, determinarem na sua qualidade de mestres e guias na Igreja” (LG 37).

Sem dúvida é bem clara a preocupação com a união de tarefas: “Os sagrados pastores conhecem, com efeito, perfeitamente quanto os leigos contribuem para o bem de toda a Igreja. Pois eles próprios sabem que não foram instituídos por Cristo para se encarregarem por si sós de toda a missão salvadora da Igreja para com o mundo, mas que o seu cargo sublime consiste em pastorear de tal modo os fiéis e de tal modo reconhecer os seus serviços e carismas, que todos, cada um segundo o seu modo próprio, cooperem na obra comum” (LG 30).

Como vemos, a tarefa de levar adiante a Igreja de Cristo é de todo o Povo de Deus - leigos, religiosos e clérigos -, “cada um segundo o seu modo próprio” ou “na parte que lhes toca”. Reconhece-se aqui a existência de tarefas específicas destinadas ao clero e outras destinadas aos leigos. Elas não se confundem, mas se complementam e se sustentam. Dentro dessa unidade é que se edifica a Igreja - Corpo místico de Cristo.

Não podemos esquecer que a Igreja Católica não foi fundada pelos homens, mas pelo próprio Jesus Cristo para abrigar todos os filhos de Deus numa grande família, um grande rebanho. Fundou uma Igreja Hierárquica, estabelecendo distinção entre os ministros sagrados e o restante do Povo de Deus, mas dentro do princípio da união, da unidade.
Todos são chamados a trabalhar na Vinha do Senhor. Se pela vocação religiosa alguns se afastam das preocupações do mundo, os leigos, ao contrário, devem viver seu batismo no coração do mundo, onde são presença evangélica nas diversas realidades temporais da vida humana: família, escolas, empresas, instituições sociais, poderes públicos; política, economia, ciência, artes, comunicação ... É aí que os leigos devem exercer a missão confiada a todo cristão.

Somos todos chamados a servir.

O mundo é o campo de trabalho dos leigos em defesa das instituições necessárias ao bem comum. Desse modo, onde os ministros ordenados não estão presentes, os leigos são chamados a ser sal e fermento misturados na massa, para transformá-la com a força do Evangelho. 

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