Publicado: Sexta-feira, 13 de junho de 2008
O Que é a Defesa da Vida?
Durante este ano fomos convidados inúmeras vezes a refletir sobre a defesa da vida e da dignidade humana. Em várias localidades do país tivemos passeatas, protestos, exposições, debates e outras iniciativas com o objetivo de trazer à pauta de assuntos da sociedade as questões pertinentes a esse tema.
Não é de hoje que a Igreja Católica e várias denominações religiosas, ONG’s e entidades representativas de classe, manifestam-se contra o aborto. Trata-se realmente de um ponto decisivo na luta entre a “vida em abundância” que Deus deseja a todos e a “cultura de morte” que deseja apenas o lucro.
Depois do aborto, a questão da eutanásia também vem sendo bastante discutida, embora com menos intensidade. Eutanásia é abreviar a própria vida diante da iminência da morte. É pedir ao médico que desligue os aparelhos que o mantêm vivo. É desistir de viver toda a vida, mesmo que seja na agonia dos instantes antes do falecimento.
Não me entra no pensamento que a eutanásia seja algo positivo, mesmo colocando-me na posição de um doente terminal. Para mim, trata-se de uma espécie de derrotismo: “Melhor acabar com isso tudo de uma vez e me desligar deste mundo para sempre”. Não sei como terminarei a minha vida, mas espero contemplar a morte chegando com dignidade, com fé na presença de Deus comigo também nessa hora. O que não aceito é ver minha vida acabar ao apertar um interruptor, como se eu fosse uma batedeira a ser desligada.
Por que a eutanásia é menos discutida do que o aborto? Talvez porque a sociedade em geral se comove mais diante da figura de um bebê indefeso do que a de um velhinho em seu leito ou um doente terminal. De fato, a inocência da criança nos enche de ternura o coração e sua incapacidade de se defender é o que nos motivo em tomar por ela esse cuidado.
Aborto e eutanásia estão nas extremidades da vida. Como membros da Igreja, defendemos que as crianças possam nascer. E defendemos também que as pessoas possam morrer dignamente, sem usar artifícios para um suicídio disfarçado. Ao governo federal, talvez interesse também a eutanásia. Afinal, quanto menos pessoas nos leitos do hospital, menos despesas serão feitas na área da saúde pública.
Entretanto, também devemos permanecer atentos para defender a vida enquanto a mesma aconteceu, ou seja, em seu meio, e não apenas na hora do nascimento e do falecimento. É preciso apoiar e incentivar os organismos e entidades que lutam para prover uma existência digna a menores carentes e portadores de deficiência, bem como aos portadores de doenças graves e até mesmo os idosos abandonados por suas famílias.
Infelizmente sempre ficamos chocados ao tomar conhecimento, pela imprensa, de verdadeiros atentados contra a vida. Todos se lembram da menina que, aos seis anos de idade, foi jogada do sexto andar do edifício onde morava. Todos se recordam também, dos inúmeros casos de espancamento de idosos por parte de seus acompanhantes, os primeiros que deveriam zelar por seu bem-estar. Não são raros ainda, situações nas quais os próprios filhos maltratam seus pais que se encontram acamados e indefesos.
Aborto, eutanásia, violência contra crianças e idosos, são crimes. Quem matou a menina e a jogou do alto do prédio, será punido e prestará contas a Deus. Quem espancou um idoso de quem deveria cuidar, será punido e prestará contas a Deus. Quem apóia a causa abortista e o suicídio legalizado a que chama eutanásia, podem até livrar-se da punição vinda das leis humanas, mas não deixará de prestar contas a Deus.
O que será de nossa sociedade no futuro, caso esses valores se percam? O que será do Brasil no dia em que as leis não servirem mais para proteger as nossas vidas? É preciso pensar seriamente nisso e continuar em permanente vigília, a fim de não deixar que o egoísmo e os interesses econômicos superem o nosso direito de viver.
Amém.
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