O que houve com o Bem?
Tudo o que fez é bom; Ele mesmo assim se expressa: “... viu que tudo era bom”. Então o homem é bom; em seu projeto há muito de Deus – fomos criados a sua imagem e semelhança.
Concebido como filho e não como escravo, o homem é criatura livre: resolveu desprezar o projeto de Deus onde estão garantidas vida plena, santidade e felicidade; iludiu-se com as propostas do “inimigo”, deixou-se invadir pelo orgulho, pela vontade de ser o único dono de sua vida, de se igualar ao Criador e se livrar de suas influências. Desprezou a Verdade, a Vontade de Deus e o mal entrou no mundo
Embora o Pai continue disposto a nos ajudar, aguarda nossa decisão; não pode nos impor nada.
É essa a luta de Cristo e da sua Igreja: recolocar-nos no caminho da Salvação, alinhar nossa vida segundo a Vontade do Pai. É preciso reler com atenção a parábola do Filho pródigo... e colocá-la em prática! Precisamos de conversão!
Entretanto, o mundo não está perdido e, se está cheio de maldades, também a bondade é abundante e a força do mal não vai prevalecer, como garante o próprio Cristo. O importante é cultivar, regar as sementes que Deus plantou em nós, sementes do bem, da justiça e da paz, sementes do amor, da misericórdia, do perdão, sementes da compaixão, da caridade, da fraternidade; é preciso restaurar a amizade com Deus e com os homens.
Precisamos oferecer resistência à degradação do ser humano, contaminado pelo egoísmo, pelo materialismo e hedonismo. Precisamos recolocar o amor, a bondade no nosso coração e na nossa alma, corrompidos pelo pecado, pela maldade. Só o bem pode combater o mal, só o amor pode vencer o ódio, a inveja, a disputa, a discórdia.
Mas porque parece tão difícil ser bom? O Demônio tentou o próprio Cristo; perdeu, foi afastado, mas não desapareceu, não desistiu de fazer suas vítimas. Apoiado em mentiras revestidas de verdade, continua semeando o mal nos corações humanos; como um exímio ilusionista, continua nos enganando com seus truques, com suas propostas de “uma vida mais fácil”. É esperto; apoia-se nas nossas fraquezas, na nossa ganância, nas nossas vaidades; aproveita-se dos nossos desvios das coisas de Deus.
Sem querer ser pessimista, vemos que o homem vem tolerando a maldade, aprendendo a conviver com ela, achando mesmo que não há outro jeito. É preciso praticar a bondade, divulgá-la e estimulá-la; é preciso educar nossas crianças para a bondade. É triste observarmos que a maldade, a falta de caridade, de respeito já estão presentes nas crianças e nos adolescentes. Eles se tratam com desprezo, se agridem gratuitamente, se agrupam para hostilizar os demais, sobretudo aqueles que julgam mais fracos, ingênuos ou mesmo diferentes. Muitos deles são influenciados pelo ambiente de casa e até poiados pelos pais que acham que os filhos precisam ser espertos, e superar os demais, mas não educam para o respeito, para a amizade, para a solidariedade. Tornam-se grosseiros, sem formação adequada, e acabam-se impondo pela malandragem, pela força da turma, chegando, muitos deles até a delinquência. Aprendem que o mundo é dos espertos, e que o sucesso exige exploração dos mais fracos.
O famoso “bullying” que se populariza em nossas escolas é um indicativo desse estado de coisas. Está faltando seriedade na educação de nossos filhos, criados sem limites e sem orientação sobre as regras para se viver em sociedade.
É urgente lutar contra esta situação. Cristo oferece-nos Luz e recomenda vigilância, olhos abertos. Não podemos fazer pouco caso do inimigo... Ele está aí, não dorme, não descansa...
Mostremos a nossas crianças que o ser humano precisa de valores para ser gente. E que tem direitos e deveres; que o respeito pelo outro é fundamental.
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- valdomiro carezia