O soar do gongo
"Vagabunda!". "Cachorro!". Ela cravou as duas mãos no pescoço dele com tanta raiva que as unhas voltaram com sangue quando foi brutalmente empurrada para o chão. Caiu de costas, apoiando-se ligeiramente com o cotovelo que fez um barulho oco e deslocou seu ombro. Gritou entre os dentes, como leão que ruge sem abrir a boca, enquanto se levantava devagar caçando à volta algo acessível e perigoso. Pegou o vaso chinês, presente de casamento da sogra, e lançou estupidamente com a perícia de um arqueiro, acertando a cabeça do marido que já começava a planejar sua fuga, pois notara que a raiva seria incontrolável a partir daquele momento. Ele titubeou, perdendo os sentidos por alguns segundos e lutando para se manter em pé, mas foi impossível e acabou caindo de quatro. Quando recuperou a consciência, ela estava montada sobre ele e tentando lhe enforcar numa chave de braço. "Mãe", ouviram lá de cima. Pararam instantaneamente, cumprimentaram-se e esperaram com sorriso a filha descer para a sala.