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Publicado: Sexta-feira, 8 de março de 2013

O suplício das filas

O ato de esperar, o que quer que seja e nas mais variadas circunstâncias, é a busca ou o pressentimento e, ocasionalmente, a quase certeza do alcance de algum objetivo.

Entra, nessa história, talvez em primeiro lugar, a famosa fila.

Dezenas, centenas, milhares de pessoas, pacientemente ou nem tanto, se enfileiram à espera de sua vez.

Por se tratar de seres humanos, gente, moços, senhoras e senhores, crianças no colo muitas vezes ou agarradas nas pernas dos pais, entre outras providências e estudos, muitos seriam os casos de que se os prazos fossem algo elásticos, o sofrimento estaria parcialmente amenizado. Diga-se que determinada inscrição esteja prevista para 1º. de abril, uma data aliás nada confiável, que ela começasse já em fevereiro. Ações desse teor.

A partir de tal consideração, o assunto comporta mil outras ideias e sugestões, com o fito de amenizar o suplício de longas esperas.

Sabe-se, entanto, que o desespero mesmo ocorre quando a disponibilidade oferecida é útil, interessante, agradável ou, mais ainda, ela é imprescindível com as ofertas infinitamente menores que a procura.

Eventos de toda sorte, anúncio de espetáculos, prestação de serviço na área de saúde em especial, concursos , provocam filas intermináveis.

Existem situações de menor gravidade, mas nem por isso sem causar irritação e revolta: aqueles ônibus que não respeitam horário; o outro que até chega na hora certa mas não para porque lotado;  pedestres nas calçadas a acenar em vão aos táxis que fingem não ver porque chove.

Ainda no quesito das filas – exaustivas esperas – nunca faltam os espertos e hábeis na utilização do “jeitinho” brasileiro: os guardadores de lugares, pagos para esse serviço. Não raro com o resultado de brigas e discussões.

Nada seria aproveitável na existência das filas? Quase nada. Poucas mas valiosas exceções, a primeira delas de ali se iniciarem novas amizades e chance de vazão entre si dos males da vida. Empolgam-se eles principalmente se a conversa deriva para crítica aos senhores políticos ou instituições públicas que atendem mal.

Ainda para salvar o conceito dos merecedores, sejam reconhecidos os de boa índole que preenchem esse vazio com o proveitoso silêncio da meditação, reflexões e oração, cada qual na sua crença. Com algum domínio sobre a própria emoção, se aceita a imposição das filas de espera.

De qualquer modo as filas são um dano sem correção e pobres daqueles que precisam delas.

Pelo menos com respeito a espetáculos públicos de grandes proporções – o futebol para citar um caso – os lugares numerados com a compra de ingresso antecipada em variados postos e de fácil localização, tudo se arranjaria sem tumulto. Isso fica demonstrado nos atraentes campeonatos europeus. Arquibancadas vazias quase na hora do jogo e de repente, de modo organizado, as poltronas são todas ocupadas.

Claro que esse procedimento se concebe entre um povo afeito a um viver comum pautado na boa educação.

Tentativas dessa ordem, raríssimas, aqui se frustram de saída com a livre atuação do câmbio negro.

Não esquecer tampouco das salas de espera indefinida.

Haja paciência.

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