O Trivial Religioso
A religião, como temos visto em outros textos, é de suma importância para nossas vidas. Talvez, por essa intrínseca verdade, torna-se trivial, rotineira e incorpora-se aos hábitos de forma implícita, quase imperceptível.
Nas aulas de religião, quando menino, por ocasião das confissões mensais (era norma no Ginásio onde estudei), éramos orientados como proceder para fazê-la bem feita, demonstrando arrependimento de ter ofendido a Deus pelos eventuais pecados cometidos.
Aprendi na época ou pouco mais adiante, que o arrependimento poderia, ao menos, consistir no temor de ir pára o inferno, válido, chamado de imperfeito, mas suficiente para a absolvição e garantia de salvação.
Com isso, na exuberância da adolescência, pensávamos, podíamos fazer tudo evitando apenas o pecado e se por acaso fizéssemos alguma coisa errada, cometêssemos alguma infração considerada grave, não poderíamos deixar de confessar, sob pena de merecermos a condenação eterna após a morte. Mas, para nós mundanos, absorvidos em tudo que é agradável e prazeroso, o ensino religioso consistente em amar a Deus sobre todas as coisas era considerado difícil e até impraticável.
Foi, portanto, com satisfação que recebemos o ensinamento que em observar os mandamentos do Decálogo, demonstraríamos o suficiente amor a Deus para merecermos o Céu após a morte. Então, não seria preciso grandes abstrações, e assim fomos compreendendo, paulatinamente, as vantajosas razões da prática religiosa que sempre incluíram a recepção dos santos sacramentos.
Nessa ordem de idéias, avançar no conhecimento e cultura religiosa significaria o coroamento dos ensinamentos cristãos que esperávamos continuasse firme e cada vez mais substancioso.
Não contávamos, porém, que a decadência dos costumes se acelerasse tanto, a ponto de, na atualidade, entronizar programas televisivos imorais e degenerativos como o Big Brother Brasil (BBB).
Aliás, para avaliá-lo e roborar minha asserção, transcrevo trechos da crônica do ilustre e insuspeito Cecílio Elias Neto publicada no Correio Popular de 4/2/2011: “até que ponto os veículos de comunicação de massa tem o direito de impor uma cultura de vícios, de sordidezes, de agressões aos valores morais da nação, que ainda existem?... O BBB é uma das escandalosas provas de nossa leniência diante da agressão à dignidade da população. Os apologistas do caos menosprezam a importância para a juventude, de referências nobres, de modelos decentes, como se rissem do conjunto de virtudes da nação. No entanto, os jovens precisam, sim, de balizamentos e de referências a partir os quais caminhem pela a vida. Assim não fosse, não haveria necessidade de educação, de civilidade, de lar, de escola, de família.”
Concluindo: com a grade televisiva insistindo em programas sórdidos e imorais, como o BBB acima citado, é evidente que até o trivial religioso vai sofrendo abalos, com tendência a desaparecer.
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- roberto corrêa